O ministro da Fazenda, Guido Mantega: "agora temos que fazer uma redução importante das despesas e procuramos reduzir as que mais crescem" (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2014 às 14h28.
São Paulo - O governo aplicará cortes em despesas e subsídios financeiros para equilibrar as contas fiscais, segundo anunciou nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Mantega disse que serão reduzidas as despesas de benefícios como seguro-desemprego, abonos salariais, que são concedidos a trabalhadores fixos que ganham até dois salários mínimos, nos subsídios por doença e nas pensões por morte.
"Agora temos que fazer uma redução importante das despesas e procuramos reduzir as que mais crescem (...) para que nos próximos anos estejam em descenso", disse Mantega em um seminário em São Paulo.
Segundo Mantega, a despesa por benefícios de seguro-desemprego, abonos salariais e por doença custam aos cofres públicos R$ 70 bilhões por ano e as pensões por morte, R$ 90 bilhões.
A contenção de despesas representa "a transição para o novo ciclo de expansão da economia mundial e brasileira", segundo Mantega, que assegurou que a partir de 2015, o governo não aplicará novas políticas de estímulo à economia.
Neste "novo ciclo", segundo Mantega, o governo reduzirá as linhas de financiamento aos bancos públicos, já que "os bancos privados voltarão a ter uma atuação maior, liberando mais crédito à economia".
O anúncio dos cortes aconteceu uma semana após ser revelado o resultado das contas fiscais de setembro, que tiveram um histórico déficit primário de R$ 25,5 bilhões.
O Brasil acumula um déficit fiscal primário, sem incluir os recursos destinados ao pagamento de juros de dívida, de R$ 15,3 bilhões entre janeiro e setembro, o que representa o pior resultado desde 1998.
Por conta desse resultado, o governo será obrigado a reformar a lei de orçamentos para reduzir a meta de superávit prevista para o pagamento dos juros da dívida.
A deterioração das contas fiscais se deve à estagnação da economia, que está em "recessão técnica" ao acumular dois trimestres negativos, o que causou um grave deterioração da arrecadação de impostos.
O governo calcula que a economia crescerá 0,9% no ano, embora o Banco Central tenha rebaixado essa previsão para 0,6% e o mercado, mais pessimista, o situa em 0,24%, segundo pesquisas realizadas pelo órgão emissor.