Economia

Goldman Sachs diz que pode vir a questionar capitalismo

Nota do banco diz que se as margens de lucro das empresas continuarem no nível atual, "há questões mais amplas a serem feitas sobre a eficácia do capitalismo"


	O símbolo de Wall Street, em Nova York, é um touro, termo usado para aquele que aposta na alta
 (Kay Nietfeld/Corbis/Latin Stock)

O símbolo de Wall Street, em Nova York, é um touro, termo usado para aquele que aposta na alta (Kay Nietfeld/Corbis/Latin Stock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 18h30.

São Paulo - O capitalismo tem sua boa parcela de críticos, mas os grandes bancos internacionais não estão entre eles - ou pelo menos não estavam até agora.

Nesta semana, o Goldman Sachs enviou uma nota para investidores assinada por Sumana Manohar, Hugo Scott-Gall e Megha Chaturvedi.

O tema eram as margens de lucro das empresas, que continuam historicamente altas nas maiores economias mundiais, com destaque para os Estados Unidos (onde o lucro pós-imposto dobrou de 5% do PIB em 2000 para 10% do PIB em 2014).

Os analistas questionam se isso é sustentável considerando o aumento da competição e o crescimento econômico abaixo da tendência, dando duas respostas possíveis.

A primeira é dos "bulls" (touros), termo do mercado financeiro para aqueles que apostam na alta. O argumento é que as margens podem ser mantidas já que há espaço para as empresas cortarem custos e se aproveitarem de avanços tecnológicos.

A segunda resposta é dos "bears" (ursos), que apostam numa queda apontando que o espaço para cortes vai ser reduzido, a competição deve ganhar ímpeto e pressões sociais e regulatórias devem afetar a relação preço/lucro.

O veredicto do banco é que nos próximos 2 a 3 anos, os ursos devem se provar corretos. Mas é aí que vem a parte mais interessante:

"Se estivermos errados e as altas margens conseguirem se manter nos próximos anos (particularmente quando a demanda global está abaixo da média), há questões mais amplas a serem feitas sobre a eficácia do capitalismo".

Vale lembrar que o banco foi um dos principais atores da crise financeira de 2008 nos Estados Unidos e aceitou recentemente pagar mais de US$ 5 bilhões para encerrar processos sobre suas práticas.

O trecho foi destacado por veículos da mídia internacional e pelo editor de Mercados da Bloomberg, Joseph Weisenthal:

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