Energia renovável: essas tendências começaram "antes da queda de preços no verão de 2014 e continuarão se os preços se recuperarem" (Getty Images/Getty Images)
AFP
Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h54.
Os gigantes do petróleo estão, lentamente, investindo em um setor de energias renováveis que cresce rapidamente e que lhes permite diversificar seus ativos em um cenário energético de grandes mudanças.
"Não é uma tendência apenas conjuntural" relacionada com os preços baixos do petróleo, afirma Francis Perrin, especialista em estratégias e políticas energéticas.
"É algo mais profundo: a adaptação de alguns grandes atores do setor petroleiro a mudanças energéticas e econômicas dramáticas", diz.
A francesa Total se apresenta como um bom aluno nesta matéria. Sua filial Sunpower fabrica painéis fotovoltaicos, e nos Estados Unidos está entrando no setor de energia eólica.
A italiana ENI investirá 1 bilhão de euros ao longo de três anos em projetos de pesquisa e desenvolvimento, enquanto Shell, BP e Statoil apostam em energia eólica.
A americana ExxonMobil é a ovelha negra do grupo, enquanto que seu compatriota Chevron se afasta agora da energia geotérmica e aposta pelos biocarbonetos.
"Benefícios"
"A prioridade para as companhias petroleiras é a criação de valor" diante da escassa rentabilidade do petróleo. Para isso, estão se desendividando, cedendo ativos não estratégicos, e buscando a diversificação, explica Jérôme Sabathier, chefe do departamento de economia da IFP Energies nouvelles.
Essas tendências começaram "antes da queda de preços no verão de 2014 e continuarão se os preços se recuperarem".
As grandes petroleiras querem subir no bonde desses desenvolvimentos energéticos para se preparar para o futuro, em vez de deixá-los passar.
"Se não fizermos isso hoje, quem sabe lamentaremos amanhã", admitiu recentemente o presidente da Total, Patrick Pouyanné, cujo grupo destina anualmente 500 milhões de dólares às energia renováveis.
Os acionistas, entre eles grandes fundos de investimentos, vigiam observam de perto os movimentos no setor, diante dos riscos financeiros potenciais do Acordo de Paris.
No fundo, os interesses ecológicos e econômicos convergem: "alguns mecanismos de financiamento e subsídios em torno dessas energias renováveis conseguem atrair as companhias" destaca Jérôme Sabathier, da IFPEN.
"O que é durável são os lucros. Uma empresa durável não se desenvolverá simplesmente por ser ecologista. Crescerá se for rentável", destacou o presidente de Total durante um debate energético.
"Se essas decisões estratégicas contribuem para melhorar a imagem, melhor", resume Francis Perrin.
Gás e eletricidade
As petroleiras não renunciarão, contudo, à sua maior fonte de receitas: os hidrocarbonetos fósseis ainda têm muito futuro pela frente, em particular no setor de transportes.
Os montantes dedicados ao investimento alternativo "são muito pequenos (menos de 3%)", explica um estudo do escritório Sia Partners.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de petróleo e de gás aumentará até 2040.
O gás aumentará seu percentual na matriz energética, entre outras coisas porque pode substituir o carvão.
Dez empresas do sector energético, reunidas no seio da OGCI (Oil and Gas Climate Initiative), afirmaram seu compromisso recentemente com o setor de tecnologias de baixa emissão de gases com efeito estufa.