Economia

Geopolítica e mercados emergentes freiam crescimento global

Fundo Monetário Internacional reduziu a previsão de crescimento econômico global para este ano, a 3,6%

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: no entanto, previsão é superior ao resultado de 2013 (Brendan Smialowski/AFP)

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: no entanto, previsão é superior ao resultado de 2013 (Brendan Smialowski/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 14h44.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu nesta terça-feira a previsão de crescimento econômico global para este ano, a 3,6%, que, no entanto, é superior ao resultado de 2013, em função do surgimento de tensões geopolíticas e de uma desaceleração nos mercados emergentes.

Depois de ter registrado um crescimento de 3% em 2013, a economia mundial deverá exibir um avanço de 3,6% este ano e de 3,9% em 2015, de acordo com o FMI, com um leve reajuste de -0,1 ponto em relação às previsões divulgadas em janeiro.

"O fortalecimento da recuperação mundial depois da recessão (de 2009) é evidente, mas o crescimento ainda não é sólido. Em todo o mundo os riscos permanecem", afirma o FMI em seu novo conjunto de previsões.

"A recuperação global ainda é frágil, mas as perspectivas, e significativos riscos - velhos e novos - permanecem. Recentemente, alguns novos riscos geopolíticos surgiram", afirma ainda o estudo, em uma referência à crise entre a Rússia e a Ucrânia pela região da Crimeia.

Segundo o FMI, a situação da Ucrânia poderá dar início a uma tendência de "aversão ao risco" entre os investidores, provocando perturbações no fluxo de capitais, com efeitos sobre a produção de gás e petróleo.

No caso da Rússia, o FMI prevê um crescimento este ano de 1,3%, com um sensível reajuste de -0,6 ponto em relação à última previsão. Para 2015, prevê crescimento de 2,3%, com revisão em baixa de 0,2 ponto percentual.

EUA impulsionam crescimento mundial

O novo relatório do FMI destaca o impulso maior ao crescimento mundial proporcionado pelos Estados Unidos, que deverão crescer 2,8% este ano e 3% em 2015, sendo que na segunda metade do ano passado, mantinha o mundo em suspense pela perspectiva de um default de sua dívida.

A Europa, que recentemente foi o epicentro de uma crise pública, finalmente saiu da recessão para crescer este ano 1,2%, com um crescimento previsto de 1,5% para 2015, mas o FMI fez um alerta sobre o "legado da crise".

"O legado da crise - o elevado desemprego, os frágeis balanços dos setores privado e público, a escassez de crédito e uma dívida elevada -, assim como travas ao crescimento a longo prazo mercem toda a atenção", indicou o FMI.

No caso do Japão, a terceira economia mundial, o FMI reduziu suas previsões de crescimento e pediu ao governo do primeiro-ministro Shinzo Abe que acelere as reformas estruturais e a consolidação orçamentária.


O PIB do Japão só aumentará 1,4% em 2014, contra 1,7% antecipado até agora. Em 2015, será de apenas 1%.

Ambiente incerto para os emergentes

A preocupação principal da entidade está nas perspectivas imediatas para as economias emergentes, que, em geral, este ano deverão crescer 4,9%, com revisão em baixa de 0,2 ponto em relação às últimas previsões.

A atividade em várias economias emergentes "foi decepcionante em um ambiente financeiro menos favorável, apesar de continuarem contribuindo com mais de dois terços do crescimento global", assinala o estudo.

Este crescimento dos emergentes "terá a ajuda de uma demanda externa maior das economias avançadas, mas condições financeiras mais ajustadas deverão frear o crescimento da demanda doméstica nestes países", afirma ainda.

No geral, as economias emergentes terão de enfrentar um "ambiente externo mutável".

Por isso, o FMI expressou sua preocupação ante a possibilidade de uma reversão dos fluxos de capital, pelos riscos de desvalorizações desordenadas das moedas e necessidades de financiamento externo.

A China deverá crescer 7,5% este ano e 7,3% em 2015. São as mesmas previsões que o FMI fez em janeiro, mas representam uma leve redução em relação ao crescimento de 7,7% que a economia chinesa experimentou nos últimos anos.

O Fundo explicou que fez suas previsões para a China "assumindo que as autoridades controlarão gradualmente a rápida expansão do crédito e avançarão na aplicação de seus planos de reformas para colocar a economia no caminho de um crescimento mais equilibrado e sustentável".

No caso da América Latina, o FMI prevê apenas uma modesta aceleração da atividade, com um crescimento de 2,5% este ano e de 3,0% em 2015. Estes números representam sensíveis revisões em baixa, de -0,4 ponto este ano e de -0,3 para 2015, com relação às previsões de janeiro.

Apesar de o documento destacar que existem importantes diferenças nas economias da região, apontou que, no caso do Brasil, "o crescimento continuará moderado", este ano em 1,8% (-0,5 em relação a janeiro). O México, em contrapartida, poderá beneficiar-se do crescimento nos Estados Unidos.

A "baixa velocidade" da economia brasileira se deve "às restrições na oferta de infraestrutura e um fraco crescimento no investimento privado, que se reflete na falta de competitividade e uma baixa confiança empresarial", assinala o Fundo.

Depois de uma expansão de 7,5% em 2010, o ritmo de crescimento tem sido muito títmido: uma alta do PIB de 2,7% em 2011; 1% em 2012 e 2,3% em 2013.

Já as perspectivas de curto prazo para a Argentina e a Venezuela se deterioraram ainda mais.

Na África subsahariana deverá haver um crescimento de 5,4% este ano (contra 4,9% em 2013), fundamentalmente em função de uma forte demanda dos países ricos.

No entanto, a expansão não será tão forte quanto a prevista em janeiro, e por isso o FMI a revisou em baixa (-0,7 ponto).

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