Economia

Gasolina tem maior defasagem da gestão Graça, avalia CBIE

Pela última avaliação do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina está 25% mais cara que o padrão internacional e o diesel, 22,5%


	No próximo dia 9, a Petrobras divulga os resultados financeiros do segundo trimestre. O estrago do câmbio nas contas será amortecido pela nova contabilidade de hedge (proteção) adotada pela companhia
 (Wilson Dias/ABr)

No próximo dia 9, a Petrobras divulga os resultados financeiros do segundo trimestre. O estrago do câmbio nas contas será amortecido pela nova contabilidade de hedge (proteção) adotada pela companhia (Wilson Dias/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2013 às 15h39.

Rio - A Petrobras (PETR4) opera com o maior nível de defasagem no preço da gasolina e do diesel dos 17 meses de gestão Graça Foster. A executiva - que havia anunciado que os anos de 2012 e 2013 seriam uma espécie de freio de arrumação para um retorno efetivo ao aumento de produção em 2014 - foi atropelada pela disparada do câmbio, que descolou ainda mais os preços domésticos dos internacionais.

Pela última avaliação do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina está 25% mais cara que o padrão internacional e o diesel, 22,5%.

No próximo dia 9, a Petrobras divulga os resultados financeiros do segundo trimestre. O estrago do câmbio nas contas será amortecido pela nova contabilidade de hedge (proteção) adotada pela companhia. A crescente importação de derivados e o aumento do descompasso de preços voltam a comprometer a receita da estatal, tornando mais difícil a meta de investir R$ 92 bilhões neste ano.

"De janeiro a maio, de acordo com os dados mais recentes da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o déficit da balança comercial da Petrobras chegou a US$ 14 bilhões. Foram US$ 21,4 bilhões de importações e US$ 7,4 bilhões de exportações. Essa maluquice de subsídio de preço para gasolina e diesel afeta a companhia no câmbio e no preço dos combustíveis", afirmou Adriano Pires, do CBIE.

O especialista lembrou que, o balanço da Petrobras do segundo trimestre do ano passado registrou o primeiro prejuízo depois de 13 anos justamente por causa do câmbio. Na época, o mercado aguardava um lucro em torno de R$ 3 bilhões e a empresa reportou saldo negativo de R$ 1,346 bilhão. "O resultado refletiu o aumento da dívida em dólar. Este ano, a mágica contábil deve garantir o lucro e possibilitar a distribuição de dividendos. A União, como acionista majoritária, terá a contribuição da Petrobras para alcançar o superávit primário. Na verdade, com o hedge, a companhia apenas joga o problema para a frente."

A cotação do petróleo está relativamente estável em torno de US$ 107, mas é provável que o período de férias no Hemisfério Norte faça subir o preço em agosto, o que tornaria mais desconfortável a situação da estatal. Na semana passada, dados divulgados pela Administração de Informação de Energia dos EUA projetam para este ano o preço médio de US$ 105 para o barril de petróleo tipo Brent e US$ 100 por barril em 2014.

Sem perspectivas de novos reajustes de preços num momento em que os esforços do governo se concentram no controle da inflação, a Petrobras aposta na estratégia de venda de ativos e nos programas de redução de custos (Procop, Proef, Infralog e PRC-Poço) para garantir resultados este ano, enquanto aguarda o aumento da curva de produção apenas para 2014. Outro fator que dificulta uma eventual campanha por novos reajustes, disse Pires, é o momento político, marcado por manifestações populares iniciadas pela reivindicação de redução das tarifas de transportes públicos.

Este mês, um relatório do HSBC cortou em 12% as estimativas de lucro da empresa para 2013, atribuindo a nova avaliação à depreciação do real frente ao dólar, às perdas no segmento de refino com a atual defasagem em relação aos preços internacionais e à contabilidade por hedge. O relatório do banco chamou a atenção também para os desembolsos previstos para o leilão de Libra, o primeiro do pré-sal no País, que deve ocorrer ainda neste semestre.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEmpresas italianasEstatais brasileirasExecutivos brasileirosGás e combustíveisGasolinaGraça FosterIndústria do petróleoMulheres executivasÓleo dieselPETR4PetrobrasPetróleoPreços

Mais de Economia

Estamos performando melhor, diz Haddad sobre descongelamento de R$ 1,7 bi do Orçamento

Free Flow: a revolução do transporte rodoviário no Brasil

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025