Combustíveis: aumento vem apesar de a Petrobras manter o preço do combustível congelado há 66 dias. (Buda Mendes/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de novembro de 2022 às 20h31.
O preço da gasolina subiu nos postos de abastecimento de todo o País pela quarta semana seguida, informou nesta segunda-feira, 7 a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O aumento vem apesar de a Petrobras manter o preço do combustível congelado há 66 dias.
Na semana de 30 de outubro a 5 de novembro, a gasolina teve alta de 1,4%, chegando a um preço médio de R$ 4,98 por litro, ante R$ 4,91 da semana anterior.
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Considerando o período de quatro semanas, o preço médio da gasolina apurado pela ANP acumula alta de 2,4%.
O novo aumento reforça a tendência de alta no preços dos combustíveis aos consumidores, que vem desde meados do segundo turno, quando o governo pressionava a Petrobras para não reajustar os preços praticados em suas refinarias, mas não teve meios de conter os reajustes de agentes privados, como a refinaria de Mataripe (BA), da Acelen, empresa controlada pelo fundo Mubadala. A gasolina subiu 2,42% na Bahia, o estado mais atendido pela Acelen.
A recente escalada da gasolina também se deve, segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast, a aumentos no preço do etanol anidro, que responde por 27% da mistura da gasolina comum além de aumentos realizados por importadores e revendedores.
Um fato adicional que pode justificar o aumento do preço da gasolina foram os bloqueios de rodovias por bolsonaristas que protestavam contra o resultado das eleições na semana passada. Desagregando o aumento por estados, o maior aumento aconteceu no Paraná, 5,65%; seguido do Distrito Federal, 4,36% e Rio Grande do Sul, 3,83%, justamente estados afetados pelo bloqueio. Em Santa Catarina e São Paulo, estados onde também houve fechamento de estradas, a gasolina subiu 0,83% na semana passada.
Com o mercado internacional pressionado e os preços da Petrobras abaixo da paridade de importação, a estatal não tem espaço técnico para novas reduções nas refinarias. Ao contrário, dizem especialistas, a petroleira segue pressionada a reajustar seus preços, o que reforçaria a alta nas bombas.
Desde o pico histórico de R$ 7,39, registrado na penúltima semana de junho, a gasolina chegou a recuar 35% até a semana encerrada em 8 de outubro. Mas, sem novos descontos nos preços da Petrobras nas últimas semanas, o preço do insumo voltou a subir nos postos brasileiros.
Já o preço do litro do diesel S10 voltou a subir, desta vez 0,4% para R$ 6,71, entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro. Na semana anterior, esse preço tinha caído 0,6% e têm oscilado desde meados de outubro. Até o dia 15 daquele mês, o diesel caiu por 16 semanas seguidas, puxado pelas reduções nas refinarias da Petrobras.
Com o aumento das cotações internacionais, a estatal também não tem reajustado o diesel a fim de acompanhar o preço de paridade internacional (PPI), conforme prevê a sua política de preços. Assim, os preços se estabilizaram e têm experimentado altas pontuais ao consumidor ligadas a reajustes praticados por refinarias privadas e importadores, que respondem por volume entre 25% e 35% do insumo consumido no país.
Desde o rebaixamento do teto de 17% no ICMS sobre combustíveis, em 24 de junho, o diesel S10 chegou a ser reajustado para baixo nas refinarias da Petrobras em três ocasiões. Antes de voltar a subir, o preço médio do litro do insumo chegou a cair 13,4% em três meses e meio, variando de R$ 7,68 no início do ciclo para até R$ 6,65 na semana entre 9 e 15 de outubro.
Já o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos, ou gás de cozinha, ficou estável na revenda, com média de preço de R$ 109 86 por botijão. Esses preços também têm flutuado nas últimas semanas, devido ao fim dos efeitos no preço final das reduções da Petrobras em refinarias antes da eleição.