Adrian e Gillian Bayford, vencedores da loteria na Inglaterra: em quem será que eles votam? (Oli Scarff/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 15h00.
São Paulo - Por que algumas pessoas são de esquerda e outras são de direita? Na hora de votar, o que pesa mais: convicções ou o nosso próprio auto-interesse?
Ninguém conseguiu responder a essas perguntas até hoje, mas uma nova pesquisa dá uma pista.
Nattavudh Powdthavee, da Universidade de Melbourne, e Andrew J. Oswald, da Universidade de Warwick, acompanharam 25 mil adultos ingleses e compararam os votos de quem jogava na loteria.
Eles concluíram que os vencedores tinham uma tendência maior a apoiar a direita depois de levarem a bolada.
O efeito é maior entre os homens e quanto maior o ganho, maior a tendência.
Outros estudos já haviam relacionado renda mais alta com votação na direita. Sem uma visão ao longo do tempo, no entanto, ficava difícil definir causa e efeito.
A inovação do estudo foi levar em conta o histórico de votação e comparar com outros jogadores de loteria de perfil similar, mas que não tiveram a sorte de vencer.
Conclusões
O estudo define como "direita" o Partido Conservador e como "esquerda" o Partido Trabalhista britânicos, mas a relação continua significativa mesmo com outras definições.
A questão de fundo está longe de ser resolvida, mas estes dados são um forte indicador que o auto-interesse é o que mais pesa na hora do voto.
A esquerda favorece uma maior taxação para financiar serviços públicos mais generosos. Não surpreende que os vencedores de loteria, que tem mais dinheiro sujeito a impostos e usam menos os serviços públicos, prefiram o outro time.