Economia

Gadgets estão inspirando medo econômico, diz Shiller

Em artigo, o prêmio Nobel Robert Shiller afirma que percepção negativa dos gadgets está ajudando a atrasar economia

Robert Shiller, professor de Yale e prêmio Nobel de Economia (Divulgação/Bloomberg)

Robert Shiller, professor de Yale e prêmio Nobel de Economia (Divulgação/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de março de 2014 às 14h02.

São Paulo - Os líderes mundiais precisam aprender a transformar os avanços tecnológicos recentes em uma narrativa de sucesso econômico. 

Essa é a mensagem central de um novo artigo publicado hoje por Robert Shiller no site Project Syndicate.

Escrevendo de Tóquio, onde foi realizar palestras, o vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2013 comparou o otimismo dos japoneses com o desânimo nos países ocidentais.

Segundo ele, são as histórias que as pessoas contam sobre o mundo ao seu redor que nos inspiram a consumir, investir e buscar (ou criar) empregos - ou fazer exatamente o contrário.

Japão X EUA

No caso do Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe conseguiu criar com seu programa de reforma monetária (e uma boa dose de nacionalismo) uma narrativa clara de otimismo que teve um impacto forte na confiança.

Nos Estados Unidos, aconteceu o contrário: "uma história de oportunidade e riqueza [o boom imobiliário] se tornou uma de credores corruptos, instituições financeiras alavancadas, especialistas tapados e reguladores cooptados."

Desde então, a recuperação econômica tem sido fraca, e Shiller relaciona o problema com as narrativas que criamos sobre a invasão dos tablets e smartphones a partir de 2008.

Segundo ele, ha "um senso de agouro de que a riqueza gerada por esses gadgets parece estar concentrada num minúsculo número de empreendedores tecnológicos que provavelmente vivem em um país distante."

E o medo não é só de que seremos superados na corrida econômica. Ele cita o recurso Siri, da Apple, para ilustrar a sensação de que os gadgets se tornaram tão avançados que podem nos substituir, "assim como ondas anteriores de automação tornaram grande parte do capital humano obsoleto".

Nenhum líder pode moldar essas narrativas sozinho - mas para Shiller, eles poderiam pelo menos tentar.

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