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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Brasília - O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, informou hoje que os aposentados que ganham acima de um salário mínimo já receberão os benefícios com o reajuste de 7,72% na folha de julho. Os atrasados (de janeiro a junho), relativos à diferença do porcentual de 6,14% para 7,72%, serão pagos na folha de agosto. A estimativa do ministro é de que o pagamento retroativo custe cerca de metade do impacto previsto para o aumento total, de R$ 1,6 bilhão, ou seja, os atrasados devem custar em torno de R$ 800 milhões. Desde janeiro deste ano, os aposentados que ganham mais de um salário mínimo recebem os benefícios reajustados em 6,14%. No entanto, esse porcentual foi elevado pelo Congresso para 7,72% e sancionado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Gabas evitou fazer projeções do impacto do reajuste no déficit da Previdência. Ele admitiu que haverá necessidade de aumentar o financiamento da Previdência pelo Tesouro, mas destacou que o governo terá de buscar instrumentos, como a melhoria da arrecadação, que neutralizem o impacto negativo do reajuste. Ele disse que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem R$ 400 bilhões em dívida que podem cobradas. Gabas também considera que o reajuste concedido este ano acima da inflação é pontual e destacou que não há uma política permanente de aumento dos benefícios. "Precisamos pensar em ações para compensar esse reajuste", afirmou o ministro, após participar de solenidade para o lançamento do Portal do Planejamento.
Durante o discurso no evento, Gabas já havia agradecido ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, por ter concordado ao final da reunião da reunião de ontem com o presidente Lula com o aumento das aposentadorias. Ele comentou que ouviu numa emissora de rádio hoje uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que Lula teria agido com o coração para conceder o reajuste. Gabas disse que, para ele, agir com o coração é um elogio e completou: "Fernando Henrique não tem coração. Isso é coisa de gente invejosa e fracassada".
Gabas criticou a gestão do governo Fernando Henrique na Previdência. Segundo ele, naquela época foram contratados consultores de organismos internacionais por um custo elevado e que trabalhavam de terça a quinta-feira. Mas o governo Lula mudou esse cenário, disse Gabas, usando conhecimento do pessoal da Casa.
O ministro disse que, no governo FHC, os servidores eram chamados de "barnabés da Previdência" e sempre que iam reivindicar melhorias na categoria recebiam o convite para participar de um Plano de Demissão Voluntária (PDV). "Fizemos a opção de ser servidor público e merecemos a remuneração adequada à nossa contribuição", disse. Segundo ele, os salários podem ainda não estar no nível reivindicado pelo sindicato, mas certamente é um outro nível em relação ao passado. Ainda sobre os benefícios dos aposentados, o ministro disse vetar o reajuste de 7,72% seria um erro. Para ele, os custos do reajuste voltarão os cofres do governo por meio do aumento da arrecadação e da produção. "Existe neste País preconceito de que não pode dar dinheiro para pobre", disse.