Ministro australiano, Joe Hockey, discursa em um foro de investimento do G20 em Sidney (Nikki Short/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2014 às 17h40.
Sydney - Os ministros das Finanças do G20, reunidos neste fim de semana em Cairns, na Austrália, tentarão aumentar o crescimento da economia mundial em dois pontos percentuais até 2018, apesar da desaceleração sofrida pela zona do euro.
Os principais objetivos do grupo são a criação de emprego e o crescimento da economia mundial, além de torná-la mais resistente a futuras crises.
Em uma reunião realizada em Sidney em fevereiro, os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais das principais economias do planeta defenderam que as políticas de austeridade sejam deixadas de lado e que sejam favorecidas por incentivos ao crescimento do Produto Interno Bruto de mais de 2 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.
Para isso, este grupo de países que respondem por 85% do comércio mundial e que contam com dois terços da população do planeta, defenderam reformas para acelerar os investimentos em infraestrutura, criar empregos e fomentar o comércio, mas teme-se que muitos países não estejam interessados, já que se encontram em diferentes estágios econômicos.
Na última segunda-feira a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório que aponta para a desaceleração das grandes economias mundiais e rebaixou em 0,4% ponto sua previsão de crescimento do PIB para a zona do euro, que agora cresce somente 0,8%, em um cenário de riscos geopolíticos e financeiros na Ucrânia e no Oriente Médio, além do referendo na Escócia.
Nestas circunstâncias, será difícil conseguir crescer mais dois pontos como pretende o G20, avaliou Joe Hockey, ministro de Economia e Finanças da Austrália, dias antes da reunião que acontecerá no sábado e no domingo em Cairns.
"Dado que as perspectivas mundiais são um pouco mais incertas do que em fevereiro, temos que redobrar os esforços para crescer", disse Hockey na véspera do encontro que preparará a cúpula do G20 de novembro, em Brisbane, outra cidade da costa oriental australiana.
"Mais reformas"
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já advertiu em julho que os objetivos de crescimento dos países do G20 podem ser comprometidos pela elevação dos juros e pela desaceleração das economias emergentes.
A diretora-gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde, já afirmou que o crescimento mundial é "muito fraco, frágil e desigual".
A crise na Ucrânia reduziu as perspectivas de atividade econômica no mundo, com destaque para a desaceleração dos grandes países emergentes e de contração do PIB japonês.
Mike Callaghan, diretor do centro de estudos do G20 do instituto Lowy de Sidney, afirma que, para que as economias cresçam, elas terão que colocar em prática "mais reformas políticas", mas o analista acredita que ainda se está longe disso.
Na agenda do G20 também constam assuntos como os investimentos no longo prazo, a regulação financeira, a luta contra a corrupção e a criação de emprego.
O Banco Mundial alertou na semana passada que uma crise mundial de emprego ameaça o crescimento. Isso acontece em um momento em que são necessários mais 600 milhões de empregos no mundo tendo em vista o crescimento populacional até 2030.
O G20 também vai analisar outros assuntos, como a otimização fiscal, e a adoção de medidas para impedir sofisticadas estratégias -a maior parte das vezes legais- que permitem às multinacionais pagar poucos ou nenhum imposto.
Os diretores de empresas esperam do G20 avanços para reduzir a burocracia em matéria de livre circulação de mercadorias, serviços, mão de obra e de capital, que são os motores do crescimento.