Economia

G20 enfrenta desafio de fazer economia mundial crescer

Durante presidência, Austrália colocou no topo da agenda a adoção de medidas que permitam aumentar o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do G20 em 2% para 2019


	G20: um de seus problemas, diz analista, é que grupo reúne países com diferentes níveis de desenvolvimento
 (Getty Images)

G20: um de seus problemas, diz analista, é que grupo reúne países com diferentes níveis de desenvolvimento (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2014 às 17h41.

Os dirigentes dos países do G20 se reúnem neste fim de semana na Austrália para analisar a forma de incentivar o apático crescimento da economia mundial no contexto de tensões geopolíticas.

A Austrália, que preside atualmente esta organização, que representa 85% da economia do planeta, concentrou a agenda nos problemas econômicos, mas os conflitos da Ucrânia e da Síria, o avanço do Estado Islâmico e o impacto do vírus do ebola podem receber atenção dos mandatários, neste fim de semana, em Brisbane.

"É uma cúpula econômica, voltada para a discussão sobre criação de empregos, a evasão fiscal e a melhora da economia mundial", declarou o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, dias antes do encontro que contará com a participação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de seu colega russo, Vladimir Putin.

Durante a sua presidência, a Austrália colocou no topo da agenda a adoção de medidas que permitam aumentar o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do G20 em 2% para 2019, o que significa um aumento de mais de US$ 2 trilhões do PIB mundial.

Muitos especialistas não estão convencidos, porém, que se possa conseguir esse resultado, considerando-se o decepcionante crescimento na Europa e no Japão, assim como a desaceleração de economias emergentes como China e Brasil.

Nas reuniões prévias realizadas neste ano, as nações do G20 afirmam que adotaram 900 medidas (como acelerar os investimentos em infraestruturas, concluir reformas financeiras, fomentar os acordos de livre-comércio, entre outras) para atingir esse objetivo, mas elas não se tornaram públicas.

"Interesses divergentes"

Em um artigo de opinião publicado nesta terça-feira na publicação "Australian Financial Review", Abbott ressalta que os chefes de Estado e de governo dos países do G20 devem demonstrar a utilidade do foro com resultados concretos.

"A economia mundial continua fraca. Faltam fundos disponíveis para as infraestruturas, um déficit de emprego no mundo e um crescimento comercial decepcionante. A capacidade do G20 para demonstrar que pode enfrentar esses desafios é crucial para a pertinência do futuro deste foro", afirma Abbott.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 países industrializados, pediu na semana passada que as grandes economias adotem novas medidas para sustentar o crescimento e adverte sobre o risco crescente de um período prolongado de estagnação na zona do euro, que reduziria ainda mais as perspectivas econômicas mundiais.

Na última segunda-feira, a agência Moody previu em seu relatório trimestral que a economia mundial não crescerá de modo significativo até 2016, devido à desaceleração da economia chinesa e aos obstáculos estruturais na zona do euro.

Um dos problemas do G20, diz o analista Nicholas Reece, é que reúne países com diferentes níveis de desenvolvimento.

"Há muitos interesses divergentes, o que dificulta a conclusão de acordos sobre verdadeiras reformas", explicou.

"O crescimento só poderá ser estimulado, se as reformas forem realizadas", alega Reece, lembrando que os resultados práticos conquistados pelos países do G20 quase nunca correspondem às intenções manifestadas.

Em Brisbane, o G20 também vai examinar as reformas do sistema financeiro mundial para lutar, em particular, contra a otimização fiscal.

A prática voltou a ser notícia pelas revelações, na semana passada, de um sistema de evasão fiscal massivo em Luxemburgo para beneficiar as multinacionais.

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