Economia

Fundos miram ativos de energia eólica no Brasil, diz associação

A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica disse que a crise tem movimentado fusões e aquisições de empreendimentos já em operação

Energia eólica: "Os fundos e essas empresas estão todos em uma posição de querer comprar, de ver oportunidade. Todos estão olhando. Em 2016 ficou no ensaio, e agora em 2017 estou sentindo uma efetivação (dos negócios)" (./Divulgação)

Energia eólica: "Os fundos e essas empresas estão todos em uma posição de querer comprar, de ver oportunidade. Todos estão olhando. Em 2016 ficou no ensaio, e agora em 2017 estou sentindo uma efetivação (dos negócios)" (./Divulgação)

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Reuters

Publicado em 20 de março de 2017 às 16h47.

São Paulo - Diversos fundos de investimento têm buscado ativos para aquisição em energia eólica no Brasil mesmo em um momento em que a longa crise econômica do país começa a afetar o setor, que viu no final do ano passado um leilão que contrataria novos projetos ser repentinamente cancelado em meio a uma queda na demanda por eletricidade.

A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, disse à Reuters que esse momento de menores perspectivas para a contratação de novas usinas tem gerado forte movimentação no mercado de fusões e aquisições de empreendimentos já em operação.

A executiva avalia que entre empresas que podem aparecer na ponta compradora estão a gestora canadense Brookfield e companhias de energia renovável administradas por fundos, como Cubico Sustainable Investments, Omega Energia, Rio Energy e Atlantic Renováveis.

"Os fundos e essas empresas estão todos em uma posição de querer comprar, de ver oportunidade. Todos estão olhando. Em 2016 ficou no ensaio, e agora em 2017 estou sentindo uma efetivação (dos negócios)", disse Elbia.

A Cubico tem como sócios fundos de pensão canadenses, enquanto a Ômega Energia é gerida pela brasileira Tarpon Investimentos e pelo norte-americano Warburg Pincus. A Rio Energy está ligada ao fundo Denham Capital, enquanto a Atlantic tem por trás a gestora britânica Actis.

Procurada, a Brookfield disse que não vai comentar. As outras empresas não responderam imediatamente.

Elbia disse que outros fundos que ainda não têm presença em energia eólica no Brasil também avaliam negócios no setor.

"O mercado está entrando em uma fase 'compre Brasil', e nesse pacote o setor de energia eólica é um dos primeiros, por ser renovável e ter bons retornos, bons projetos", apontou a dirigente da Abeeólica.

Demanda por leilões

A Abeeólica tem defendido que o país agende ainda neste ano um leilão para contratar mais usinas eólicas, apesar de um cenário em que as distribuidoras de energia do Brasil reclamam de excesso de eletricidade contratada.

Para Elbia, a bandeira amarela nas tarifas de energia elétrica, acionada agora em março, seria um sinal de que o sistema elétrico ainda precisa contratar mais energia para garantir o suprimento.

Acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em cenários de menor oferta de energia, a bandeira tarifária amarela eleva os custos de cada kilowatt-hora utilizado pelos consumidores.

O governo federal tem dito que uma decisão sobre a possibilidade de um novo leilão de energia deverá ser tomada após a realização de estudos sobre a oferta e a demanda por eletricidade.

De acordo com Elbia, havia forte interesse de empresas associadas à Abeeólica em participar de uma licitação no setor.

A dirigente disse que as empresas tinham cerca de 2 gigawatts prontos para disputar o leilão cancelado em 2016, o que representaria ao menos cerca de 10 bilhões de reais em investimentos.

"O Brasil não pode perder essa oportunidade... precisa atrair o investidor, e eles estão doidos para investir", disse.

Cancelamentos

O governo brasileiro tem avaliado também a possibilidade de um leilão inovador, que permitiria que investidores desistam de projetos contratados nos últimos anos devido à atual sobreoferta de eletricidade.

Mas para a Abeeólica, a participação de empresas do setor eólico no eventual leilão de descontratação não seria muito elevada, e se concentraria em companhias que enfrentaram problemas financeiros ou com fornecedores --como a fabricante argentina de equipamentos eólicos Impsa, que entrou em recuperação judicial.

Elbia acredita que a estatal Furnas, da Eletrobras, a Renova Energia, controlada pela Cemig, e a portuguesa Tecneira estão entre os investidores eólicos que poderão tentar devolver projetos.

"Desses desenvolvedores de eólicas que podem participar, grande parte é por conta da Impsa", disse.

Furnas, Renova e Tecneira não responderam imediatamente a pedidos de comentário.

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