A presidente argentina Cristina Kirchner (ROLEX DELA PENA/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 22h45.
Washington - Os fundos especulativos que travam uma longa disputa legal com a Argentina mantêm sua esperança de uma negociação com Buenos Aires, em um cenário de diálogo interrompido entre as partes, disse nesta terça-feira uma fonte ligada aos credores.
"Sempre tivemos a esperança de que o governo negociaria, e continuamos tendo a esperança de que a razão prevalecerá", disse em uma teleconferência o advogado Robert Shapiro, diretor do Grupo de Tarefas da Argentina (ATFA), entidade que representa os interesses dos grupos especulativos que litigam com Buenos Aires.
Shapiro disse que "não há negociações em andamento atualmente". De acordo com o advogado, as investigações da própria ATFA mostraram que relatórios sobre contatos entre o governo argentino e o principal dos grupos especulativos, o Elliott Management, são imprecisos.
"Nossos integrantes tentaram reiteradamente negociar com representantes do governo e foram reiteradamente rejeitados", contou Shapiro.
A ATFA apresentou nesta terça-feira um informe sobre o enriquecimento de funcionários de segundo escalão do governo da presidente argentina Cristina Kirchner, apoiado em informações públicas prestadas pelos próprios dirigentes.
"Com esse informe estamos simplesmente apontando uma constante que vemos em regimes corruptos", disse Shapiro.
O informe exclui da lista a presidente argentina. O próprio Shapiro destacou que o documento de 23 páginas não guarda qualquer relação com o litígio legal entre Argentina e os chamados 'fundos abutres'.
A Argentina mantém um litígio com os fundos especulativos Aurelius e NML, que ganharam uma ação na justiça dos Estados Unidos para cobrar 1,33 bilhão de dólares por títulos da dívida em moratória.
A teleconferência desta terça-feira contou com a participação da diplomata americana Nancy Soderberg, integrante da ATFA e responsável pela compilação das informações no documento.
No fim de 2014, Soderberg, que também é presidente de um comitê assessor da Casa Branca sobre desclassificação de assuntos de interesse público (PIDB), gerou rusgas entre os governos de Buenos Aires e Washington.
Em outubro, a presidente Kirchner chegou a enviar a Barack Obama uma carta em que alertou que a confirmação de Soderberg em um cargo em um organismo oficial seria "grave" para a relação bilateral.
Na ocasião, uma fonte do Departamento de Estado disse à AFP que as responsabilidades de Soderberg à frente do PIDB "não estão relacionadas com qualquer participação que ela possa ter no litígio dos credores como uma cidadã particular".