Cenário externo depende da Grécia, segundo Goldfajn (.)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2013 às 13h03.
São Paulo, 21 set (EFE).- A América Latina passa por uma transição econômica devido a fuga de capital dos países emergentes para os avançados, circunstância com efeitos negativos a curto prazo, mas que indica a recuperação dos países ricos, afirmou à Agência Efe, Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.
A mudança atual no fluxo do dinheiro acaba com uma situação iniciada em 2003, em que os investidores buscavam as maiores rentabilidades dos países em desenvolvimento, explicou o especialista.
No curto prazo, isso significa menos liquidez para a região, menos possibilidade de emissão de bônus para empresas, além de um financiamento mais caro, acrescentou Goldfajn.
A volta do dinheiro às economias que estavam em crise, no entanto, por suas melhores perspectivas de crescimento e a consequente alta dos juros nos Estados Unidos, é um sinal de reabilitação.
'A crise está terminando. Após cinco anos, já era hora', disse o economista-chefe do Itaú Unibanco.
O primeiro a afastá-la é os Estados Unidos, que também foram o primeiro a cair, devido ao peso de suas hipotecas de má qualidade. Para o especialista, a Europa sairá da recessão ainda neste ano.
A recuperação dos países ricos eventualmente reverterá a desaceleração atual nos países emergentes, embora o aumento de demanda, só afetará as exportações da América Latina no final de 2014, estimou.
O economista prevê que o Chile, Colômbia e Peru devam ter um bom crescimento, e que o México seja beneficiado com a recuperação americana. Já a Venezuela depende do preço do petróleo, enquanto a Argentina do valor de matérias-primas como a soja e da situação do Brasil.
Goldfajn se disse ainda 'otimista' com relação a China, cuja demanda manterá elevados os preços das matérias-primas, aproximadamente nos níveis atuais, o que é uma boa notícia para os exportadores sul-americanos.
O economista acredita que a mudança de um grande contingente de população rural para os centros urbanos, e sua integração ao mercado de consumo ainda não terminou na China e Índia, e por isso esses países continuará seus elevados crescimentos econômicos.
Por outro lado, Goldfajn vê o Brasil limitado em um crescimento de cerca de 2%, que só será superado com atração de investimento, além da melhora da produtividade e da educação.
'Brasil precisa de reformas que melhorem o ambiente de negócios', afirmou.
Segundo Goldfajn, o investimento aumentou nos últimos dois trimestres, mas esta alta não se manterá, já que em junho a confiança das empresas caiu devido a desvalorização do real, e da onda de protestos registradas em diversas cidades.
O investimento sobe a aproximadamente 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas deveria chegar a 21% na opinião do especialista.
Para provocar este crescimento, o Governo deveria dar 'sinais na política econômica', como o compromisso com as metas fiscais, com o combate à inflação, um marco regulador mais estável e um regime de câmbio mais livre, inclusive permitindo que o valor do combustível suba.
Segundo o economista, estes tópicos estão travados devido a aspectos políticos. Como o Brasil passará por eleições em 2014, Goldfajn não acha que haverá enfrente a inflação contendo gastos.
Esta batalha terá que ser vencida sozinha pelo Banco Central, acredita o analista, através da política monetária. A expectativa então é de aumento na taxa de juros. O Itaú Unibanco prevê que a taxa básica suba de 9% para 10% até o fim do ano, e assim se mantenha no próximo.
Os preços ao consumidor, por sua vez, subiram 0,24% em agosto, com acumulado de 6,09% nos últimos 12 meses, dentro da meta oficial do governo, que é de 6,5%.
'A inflação está um pouco mais alta do que gostaríamos', admitiu, no entanto, Goldfajn.
Para o PIB, sua previsão é de crescimento de em torno ao 2,5% ao ano, e pouco mais de 2% em 2014. O Governo coincide na previsão do 2,5%, mas prevê crescimento de 4% para o próximo ano.