Economia

Fruticultura tem valor de produção recorde em 2016, com R$33,3 bi

Segundo o IBGE, trata-se do maior valor de produção da série histórica iniciada em 1974

Frutas: as maiores altas do valor na produção em 2016 foram registradas nas culturas de limão, laranja, banana e maçã (Stephen Chernin/Getty Images)

Frutas: as maiores altas do valor na produção em 2016 foram registradas nas culturas de limão, laranja, banana e maçã (Stephen Chernin/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 11h54.

Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 11h57.

A fruticultura nacional registrou no ano passado recorde no valor de produção, com total de R$ 33,3 bilhões, de acordo com a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM 2016), divulgada hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

"Foi o maior valor de produção da série histórica iniciada em 1974", destacou a engenheira agrônoma Larissa Leone Isaac Souza, supervisora da pesquisa. Em relação a 2015, o valor da produção do setor aumentou 26%.

As frutíferas são compostas por 22 produtos, incluindo lavouras temporárias (abacaxi, melancia e melão) e permanentes (abacate, banana, caqui, castanha de caju, coco-da-baía, figo, goiaba, laranja, limão, maçã, mamão, manga, maracujá, marmelo, noz, pera, pêssego, tangerina e uva).

As maiores altas do valor na produção em 2016 foram registradas nas culturas de limão (52%), laranja (47,2%), banana (43,4%) e maçã (25,8%). Em valores absolutos, a liderança é da laranja, que concentra 25,1% do valor de produção, com R$ 8,4 bilhões; e da banana (25%), com valor de produção de R$ 8,3 bilhões.

O estado de São Paulo respondeu por 30,9% do valor de produção nacional da fruticultura, o que significou R$ 10,3 bilhões, com destaque para a cultura da laranja (59,2%). Por municípios, a liderança ficou com Petrolina (PE).

Algodão

O levantamento do IBGE mostra que o algodão em caroço apresentou, em 2016, queda na produção pelo segundo ano consecutivo. A produção totalizou 3,5 milhões de toneladas, 13,6% abaixo de 2015, com área colhida de 996,2 mil hectares.

"Os dois maiores produtores de algodão em caroço, que são Mato Grosso e Bahia, foram atingidos pelo (fenômeno climático) El Niño", disse Larissa Souza.

O primeiro município produtor de algodão no país é Sapezal (MT). Segundo a pesquisadora, apesar de estar em Mato Grosso, a área "escapou das adversidades climáticas e teve até um acréscimo de produção de 18,1%". O segundo colocado, São Desidério (BA), foi fortemente prejudicado pelas intempéries e teve queda de 27,3% na produção.

Arroz

A produção de arroz em casca no ano passado somou 10,6 milhões de toneladas, queda de 13,7% em relação a 2015. A área plantada (2 milhões de hectares) e a área colhida (1,9 milhão de hectares) caíram 7,3% e 9,1%, respectivamente.

A produção do grão está concentrada na Região Sul do Brasil, que responde por 80,4% do total nacional. O Rio Grande do Sul concentra, sozinho, 70,5% de todo o arroz em casca produzido no país, com 7,5 milhões de toneladas.

O valor de produção dessa cultura em 2016 chegou a R$ 8,7 bilhões, aumento de 1% sobre o ano anterior. O município gaúcho de Uruguaiana liderou o ranking de produtores nacionais, com 678,3 mil toneladas, 9,8% inferior à do ano anterior.

Café

Após três quedas consecutivas na produção, o cultivo do café em grão teve alta, com retorno da chamada bienalidade positiva, que havia sido perdida em 2014.

Em 2016, segundo o IBGE, a produção subiu 14% em relação a 2015, somando 3 milhões de toneladas, incluindo cafés do tipo arábica (2,5 milhões de toneladas), que representa 84,4% da produção nacional; e canephora (470,7 mil toneladas), que respondeu por 15,6% da produção brasileira.

Segundo Larissa Souza, essa foi a segunda maior produção registrada na série histórica, atrás apenas de 2012, quando atingiu 3,3 milhões de toneladas.

O valor de produção do café em 2016 foi de R$ 21,4 bilhões, aumento de 34,6% em comparação ao ano anterior. O maior produtor, por estados, foi Minas Gerais, com regiões altas e frias, principalmente na parte sudoeste, favoráveis ao cultivo de café arábica. O segundo posto ficou com o Espírito Santo, com áreas baixas e quentes, que favorecem a produção do café canephora.

Larissa Souza esclareceu que a bienalidade alterna um ano de alta e outro de baixa. Devido à forte seca registrada em Minas Gerais e no Espírito Santo em 2014, a alta esperada naquele ano não se concretizou.

"Quebrou a bienalidade positiva. Ficamos 2013 com baixa produção, que já era esperada; 2014, que era para ser alta, foi baixa; e 2015, que era baixa esperada. Somente em 2016 que voltou". As chuvas regulares voltaram a ocorrer no ano passado na época de floração e isso normalizou a bienalidade, segundo a engenheira agrônoma.

O Brasil é o maior produtor mundial de café, de acordo com a Organização Internacional do Café (ICO, do nome em inglês). Em Minas Gerais, a produção totalizou 1,8 milhão de toneladas, 36,3% a mais que no ano anterior.

Segundo a pesquisadora do IBGE, dos 20 maiores produtores nacionais de café em grão, 13 são mineiros, sendo que o principal é Patrocínio, com 91,7 mil toneladas e valor de produção de R$ 687,5 milhões.

O segundo produtor nacional de café foi o Espírito Santo, com 515,4 mil toneladas e valor de R$ 3,3 bilhões, apesar da queda de 16,6% na produção em relação a 2015 evido à falta de água no período da floração para irrigação.

Cana-de-açúcar

Em 2016, segundo o IBGE, a produção nacional de cana-de-açúcar atingiu 768,7 milhões de toneladas, com crescimento de 2,5%. A área colhida (10,2 milhões de hectares) aumentou 1,1%, e o valor de produção subiu 18,3%, para R$ 51,6 bilhões.

A Região Sudeste concentrou 67,3% do total produzido no país, com 517,6 milhões de toneladas. São Paulo continua sendo o maior produtor nacional de cana, com 57,5% da produção.

Foram produzidas no estado, no ano passado, 442,3 milhões de toneladas, com valor de produção de R$ 27,6 bilhões. O acréscimo na produção no estado foi de 4,5%.

Goiás ocupou a segunda colocação, com 71,1 milhões de toneladas (queda de 1,4%) e valor de produção de R$ 5,9 bilhões. Goiás produz 9,2% do total brasileiro.

Por município, o maior produtor de cana do país é Rio Brilhante (MS), com 8,5 milhões de toneladas e valor de produção de R$ 629,2 milhões. Em seguida, aparece Morro Agudo (SP), com 7,9 milhões de toneladas e valor de produção de R$ 501,2 milhões.

Feijão

Somando as três safras do ano de feijão em grão, foram produzidos no Brasil, em 2016, 2,61 milhões de toneladas, queda de 15,4% em relação a 2015 por causa da influência do fenômeno El Niño.

Já o valor de produção subiu 61,5%, totalizando R$ 9,7 bilhões. Durante o ano passado, segundo Larissa Souza, o preço da saca de 60 quilos de feijão ultrapassou R$ 550.

Embora a produção de feijão seja bem distribuída no país, a predominância é do Paraná, que concentrou 22,6% do total nacional em 2016, com 590,3 mil toneladas e valor de produção de R$ 1,8 bilhão.

O estado do Sul é seguido por Minas Gerais (20%) e Goiás (12,6%). Por municípios, Itapeva (SP) aparece na primeira colocação entre os produtores de feijão, com 86 mil toneladas e valor de produção de R$ 290,5 milhões.

Laranja

Principal produtor e exportador de laranja do mundo, em 2016, o Brasil produziu 17,2 milhões de toneladas da fruta, 1,8% a mais que no ano anterior. A área colhida foi de 659 mil hectares e o valor de produção teve expansão de 47,2%, alcançando R$ 8,4 bilhões.

Segundo o IBGE, houve redução na área dedicada à laranja na última década, devido ao avanço da cana-de-açúcar em São Paulo. "Vai tirando as lavouras velhas de laranja do campo e ocupando com cana, além de fatores como doenças e elevado custo da produção", explicou a supervisora da pesquisa.

São Paulo continua sendo o maior produtor nacional de laranja, 74,5% do total em 2016, com 13 milhões de toneladas e valor de produção de R$ 6,1 bilhões. Por municípios, a maior produção foi registrada em Casa Branca (SP), com 694 mil toneladas.

Milho

O milho foi fortemente afetado pela seca provocada pelo El Niño, segundo o IBGE. A produção do milho em grão somou 64,1 milhões de toneladas, com queda de 24,8% na comparação com o ano anterior.

A lavoura é dividida em duas safras, sendo que a segunda concentrou 61,9% da produção total. "Nessa safra, a quebra foi de 29,5%, a menos produzida", ressaltou a pesquisadora.

O valor de produção nacional somou R$ 37,7 bilhões, elevação de 26,5%. A saca do milho chegou a ser comercializada por R$ 53,91, em média. "É bem expressivo porque, geralmente, fica na casa dos R$ 10 a R$ 20", comparou Larissa Souza.

O cultivo do milho no país é concentrado na Região Centro-Oeste. Mato Grosso continuou como maior produtor, com 15,3 milhões de toneladas (apesar da queda de 28,2%) e valor de produção de R$ 7,7 bilhões.

A maior produção foi registrada em Sorriso (MT), com 1,83 milhão de toneladas (menos 30% que em 2015) e valor de R$ 891,4 milhões.

Soja

A produção nacional de soja em grão, em 2016, foi de 96,3 milhões de toneladas, redução de 1,2%, também influenciada pelo El Niño. O valor de produção alcançou R$ 104,9 bilhões, 3% maior que o registrado em 2015.

Os maiores produtores foram Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, que concentraram 61,8% do total produzido nacionalmente no ano passado.

Em Mato Grosso, líder no cultivo do grão, a produção totalizou 26,3 milhões de toneladas, com valor de produção de R$ 27,5 bilhões. Sorriso (MT) foi o principal produtor entre os municípios, com 1,7 milhão de toneladas e valor de produção de R$ 1,9 bilhão.

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