Dólar e euro: "Temos que parar de maneira clara e definitiva estas negociações para recomeçar com novas bases" (Jorge Vicente/SXC)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2016 às 08h59.
O governo francês solicitará em setembro à Comissão Europeia o fim das negociações entre Europa e Estados Unidos para um grande acordo comercial, o chamado TTIP, anunciou nesta terça-feira o secretário de Estado francês de Comércio Exterior.
"Não existe mais apoio político da França para as negociações, assim o país pede o fim das negociações", afirmou Matthias Fekl à rádio RMC.
Fekl justificou a demanda por considerar que as negociações para criar uma Associação Transatlântica para o Comércio e o Investimento (TTIP, na sigla em inglês) estão desequilibradas a favor dos interesses dos Estados Unidos e não dos 27 Estados membros da União Europeia.
"Os americanos não dão nada ou apenas migalhas (...) Entre aliados não se negocia assim", lamentou o ministro.
Ele afirmou que as negociações terão que começar novamente mais adiante.
"Temos que parar de maneira clara e definitiva estas negociações para recomeçar com novas bases", disse.
Fekl também indicou que a França apresentará o pedido em setembro, durante a reunião de ministros do Comércio Exterior da UE em Bratislava (Eslováquia).
O secretário do Comércio não disse quando nem em quais condições poderiam começar as novas negociações. Mas o calendário aponta para depois da eleição de um novo presidente nos Estados Unidos, que só vai tomar posse em 2017.
Os dois principais candidatos à presidência americana, a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, já criticaram duramente o TTIP.
O acordo, negociado em sigilo entre Washington e a Comissão Europeia desde meados de 2013, tem o objetivo de suprimir as medidas regulamentares e comerciais para criar uma grande zona de livre comércio e estimular o crescimento econômico.
Mas nos últimos meses as negociações foram afetadas pelas críticas de muitas ONGs, que temem que o tratado afete a legislação europeia na área do meio ambiente a favor das grandes empresas.
Também são cada vez maiores as dúvidas dos próprios governos europeus.
Na Alemanha, muitas vozes são contrárias ao acordo, inclusive dentro da coalizão de governo. Mas a chanceler Angela Merkel defende o projeto.