Economia

Arábia Saudita tenta abrir economia ao mundo — e ao Brasil

Bolsonaro é um dos convidados de evento que reúne mais de 150 investidores; mão de ferro do governo em questões internas é um dos entraves

Future Investment 
Forum, em Riade: potencial da petroleira estatal Saudi Aramco deve ser um dos destaques do evento (Hamad I Mohammed/Reuters)

Future Investment Forum, em Riade: potencial da petroleira estatal Saudi Aramco deve ser um dos destaques do evento (Hamad I Mohammed/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 06h29.

Última atualização em 29 de outubro de 2019 às 07h20.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro é um dos principais convidados de um fórum criado para mostrar o que Arábia Saudita tem a oferecer ao mundo, aberto nesta terça-feira. O Future Investment Forum, em Riade, capital do país, deve reunir mais de 150 bancos e investidores internacionais de olho em investimentos no país e ao redor do mundo com os recursos obtidos com o petróleo saudita.

A Arábia Saudita pretende diversificar sua economia até 2030 para diminuir sua dependência do petróleo. Faz parte dos planos uma maior abertura para outros países e de laços comerciais. O país passa por uma grande transformação, com a construção de hubs de tecnologia e o incentivo a energia limpa e a projetos de turismo.

Na quarta-feira Bolsonaro deve abrir um painel dedicado ao Brasil. Ontem, em sua chegada ao país, o presidente brasileiro afirmou que fundos soberanos sauditas podem ter interesse em projetos de óleo, gás, infraestrutura e logística brasileiros. Outra prioridade é ampliar as vendas de produtos como carne de frango para os países árabes.

Um destaques do fórum que começa hoje, e um dos projetos mais ambiciosos da Arábia Saudita, é a abertura de capital da petroleira do país, a Saudi Aramco. Segundo a agência de notícias Reuters, a companhia deve dar início ao processo no dia 3 de novembro, após ter adiado as tratativas por um ataque de drones a sua principal refinaria, em setembro.

A expectativa é que a companhia liste inicialmente de 1% a 2% de suas ações, o suficiente para levantar cerca de 20 bilhões de dólares — os sauditas têm a expectativa de alcançar um valor de mercado de 2 trilhões de dólares para a Saudi Aramco, o dobro das mais valiosas empresas listadas atualmente, Apple e Microsoft.

Um dos principais empecilhos para a Saudi Aramco é, curiosamente, a investida saudita em novas frentes de desenvolvimento, mostrando que o reino vê a necessidade de ir além do petróleo para seu crescimento. Outro desafio, para o sucesso da petroleira e dos projetos sauditas, é a política interna.

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman vem afrouxando regras sociais extremamente rígidas, que proibiam até mulheres de dirigir. O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no ano passado, atribuído ao governo saudita, pegou muito mal para as pretensões globalistas do príncipe.

Ontem, em Riade, ao encontrar jornalistas brasileiras vestidas com a abaya, o traje negro típico do país que deixa apenas o rosto de fora, Bolsonaro brincou que elas estavam “mais bonitas assim”. Estrangeiros querem ver, na verdade, a face moderna do país, e não a Arábia Saudita que em muitos aspectos segue mergulhada no passado.

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