Economia

Fórum Econômico Mundial: mais fair play e menos protecionismo

Segundo participantes, cooperação entre países é essencial para manter desenvolvimento global

Klaus Schwab e Pelé: o ex-jogador recebeu o Prêmio de Cidadão Global por seu trabalho na divulgação do esporte, do futebol e pelo trabalho como embaixador da Unicef (Leonardo Benassatto/Reuters)

Klaus Schwab e Pelé: o ex-jogador recebeu o Prêmio de Cidadão Global por seu trabalho na divulgação do esporte, do futebol e pelo trabalho como embaixador da Unicef (Leonardo Benassatto/Reuters)

RK

Rafael Kato

Publicado em 14 de março de 2018 às 15h15.

Última atualização em 14 de março de 2018 às 18h14.

Na abertura oficial do Fórum Econômico Mundial na América Latina, que acontece nesta quarta e quinta-feira, em São Paulo, Pelé recebeu o Prêmio de Cidadão Global por seu trabalho na divulgação do esporte, do futebol e pelo trabalho como embaixador da Unicef. O prêmio foi entregue por Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum, que aproveitou a presença de Pelé para enviar uma mensagem no momento em que mundo está à beira de uma guerra comercial: “Precisamos de mais fair play (jogo limpo) no comércio mundial. É esse espírito de competição colaborativa que precisamos no mundo hoje em dia”.

No dia 8 de março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma sobretaxa de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio importados. A medida provocou respostas imediatas dos governos ao redor do mundo. A União Europeia, por exemplo, afirmou que irã sobretaxar, em retaliação, as motos da marca Harley-Davidson e jeans Levi’s, além de outros produtos.

Como não poderia deixar de ser, a taxa do aço é o assunto mais falado neste primeiro dia de Fórum. Provocados a falar sobre o assunto por Schwab, o presidente Michel Temer e o ministro das relações exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, não descartaram entrar com uma representação conjunta na Organização Mundial do Comércio ao lado dos outros países prejudicados.

A medida seria colocada em prática se as pressões feitas pelas empresas brasileiras e americanas no Congresso Americano falhassem. O argumento usado é que o aço feito no Brasil é semi-manufaturado. Ele segue em placas para ser finalizado como aço plano nos Estados Unidos. Além disso, o Brasil é grande importador de carvão siderúrgico dos americanos.

“Tenho certeza que aqueles trabalhadores que aparecem ao fundo da foto com Trump [quando da assinatura da medida] são compradores de carros, de máquinas de lavar. Eles serão impactados pela taxa”, disse Ferreira.

Entre vizinhos

O tema do protecionismo versus fair play surge também nas discussões sobre integração na América Latina. Em um debate antes da abertura oficial, numa sala contígua ao auditório principal, executivos e pesquisadores reforçaram a necessidade da região atuar em bloco para tirar proveito do seu mercado consumidor, para isso seria necessário equalizar impostos, leis trabalhistas e leis de proteção intelectual.

“É preciso fazer isso antes que a globalização volte. Pois ela vai voltar assim que Trump deixar a Casa Branca”, afirmou Marcos Troyjo, diretor do BRIClab da Universidade Colúmbia.

“Nossa região é fragmentada e, quando vamos ao exterior, competimos uns contra os outros”, afirmou Alicia Bárcena Ibarra, secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Um bom caminho para começar uma maior integração da região, argumentada entre os presentes, é facilitar a movimentação de pessoas pelo continente.

“É extremamente difícil e caro expatriar um executivo para a região”, disse Alejandro Ramírez, presidente da rede de cinemas Cinepolis. Na visão dele, os países deveriam estar concorrendo pelos melhores profissionais e não protegendo seus mercados de trabalho.

É aqui que entra a tal da competição colaborativa, de Schwab: é preciso superar as diferenças para que os países cresçam juntos. “Nenhum país do mundo se desenvolveu sendo fechado. A integração é essencial”, disse Nicola Calicchio, managing Partner da consultoria McKinsey. Afinal, a regra vale até no futebol: Pelé não teria feito 1 281 gols se não tivesse um Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe para lhe passar a bola.

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