Economia

Focus revela temor com inflação acima do teto em 2015

O mau humor do mercado com a inflação de 2015 é nítido no relatório


	BC: o foco de alta dos preços foi transferido para o ano que vem
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

BC: o foco de alta dos preços foi transferido para o ano que vem (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 12h16.

Brasília - Chama atenção no Relatório de Mercado Focus desta segunda-feira, 10, o mau humor do mercado com a inflação de 2015. Principalmente do grupo de elite, o chamado Top 5, que tem suas projeções para a inflação de médio prazo destacadas por ser integrado pelos que mais acertam o resultado efetivo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Houve no documento divulgado hoje uma revisão para o índice deste ano em praticamente todos os prazos selecionados. Já para 2015, o Top 5 projeta um IPCA de 6,74%, portanto, bem acima do teto da meta de 6,50%.

Para o grupo Top 5 de curto prazo, a mediana das estimativas para a inflação de 2015 também está superior à banda de cima da meta perseguida pelo BC, em 6,56%.

A tendência que costuma ser vista na Focus é que as previsões do mercado em geral rumem para o patamar adiantado pelo Top 5. Assim, se houve um alívio para 2014, mesmo com o aumento da gasolina (de 3%) e do diesel (de 5%), o foco de alta dos preços foi transferido para o ano que vem.

As atuações mais recentes do Banco Central já miram para o próximo ano. Até porque, o prazo considerado como praxe para que os apertos de política monetária tenham efeito é de seis a nove meses.

No comunicado que se seguiu à decisão inesperada de elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,00% para 11,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês passado, a diretoria colegiada deixou bastante claro que a ação tinha como objetivo o controle da inflação em 2015 e 2016.

"O Copom decidiu elevar a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela manutenção da taxa Selic em 11,00% ao ano. Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016."

Apesar de a decisão ter sido dividida, a ata do Copom, divulgada na semana passada, deixou claro que a perspectiva de todos os membros do Comitê era de alta da Selic.

A falta de unanimidade se deu pela questão do timing dessa elevação, já que os demais consideraram que, neste momento, seria melhor aguardar os efeitos dos ajustes dos preços relativos.

Nessa mesma ata, o Copom salientou que há uma intensificação desses ajustes na economia, o que tornou o balanço de riscos mais desfavorável para a inflação. A instituição, inclusive, retirou da ata o trecho em que afirmava que pressões inflacionárias tendem a arrefecer.

Nesse cenário, o BC agora fala que a política monetária deve se manter "especialmente vigilante" para minimizar os riscos de que os níveis elevados de inflação persistam. A palavra "especialmente" não constava no documento anterior.

De acordo com o documento, a diretoria colegiada informou que elevou as projeções de inflação para 2014 e 2015 em quase todos os cenários.

O BC aumentou a projeção para o IPCA de 2014 tanto no cenário de referência quanto no de mercado em relação ao valor considerado na reunião de setembro, e a estimativa permanece acima do centro da meta de 4,5%.

Para 2015, a projeção aumentou no cenário de referência, mas recuou no de mercado. Nos dois casos, a estimativa para o indicador continua acima da meta.

Acompanhe tudo sobre:Boletim FocusEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCA

Mais de Economia

‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo

Rui Costa fala em dialogar com o mercado após dólar disparar: 'O que se cobrava foi 100% atendido'

Lula chama corte gastos de 'medida extraordinária': 'Temos que cumprir o arcabouço fiscal'