Comissão Mista da Medida Provisória (CMMPV) n° 893 de 2019, que transforma o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Unidade de Inteligência Financeira, realiza audiência pública interativa. Em pronunciamento, economista, Affonso Celso Pastore. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado (Marcos Oliveira/Agência Senado/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 10h45.
Morreu nesta quarta-feira, 21, o economista e professor o Affonso Celso Pastore, aos 84 anos. Ex-presidente do Banco Central (BC), Pastore foi um dos economistas mais respeitados e influentes do Brasil, considerado uma peça chave para o desenvolvimento econômico do país.
A AC Pastore & Associados, consultoria fundada pelo economista em 1993, informou que o velório será realizado no estádio do Morumbi, em São Paulo, das 13h às 16h.
A morte do ex-presidente do BC causou comoção, com economistas, alunos e políticos se manifestando sobre o falecimento de Pastore. Veja os depoimentos:
Ao comentar a morte do ex-presidente do BC, o economista da FGV Samuel Pessôa, ex-aluno de Pastore, disse que ele foi um dos economistas de sua geração com os trabalhos mais importantes de economia aplicada ao Brasil.
"Eu destaco duas grandes características dele. A primeira é que ele sempre se preocupou e dedicou em entender os problemas da economia do Brasil. A segunda é que Pastore sempre atacou os problemas enfatizando as evidências empíricas. Ele gostava da teoria economia, mas achava que devíamos ser econômicos nesse ponto e concentrar esforços na avaliação da evidência empírica", disse.
Pessôa destacou ainda que o economista sempre esteve a frente do seu tempo. Ele exemplificou que em um artigo de 1990 sobre “Inflação e expectativas com a política monetária numa regra de taxa de juros", Pastore disse que o Banco teria que reagir contrabalançando o efeito da inércia. A mesma resposta seria dada pela regra de Taylor, utilizada hoje pelos Banco Centrais de todo o mundo para controlar a inflação, em um contexto diferente, três anos depois.
"Ele chegou muito perto de formular a regra de Taylor. Isso mostra como ele estava no caminho certo, porque estava debatendo intelectualmente no mesmo nível que as melhores pessoas pelo mundo debatiam. Pastore era um acadêmico de alto nível.
"Ele teve contribuições relevantes em todos os lugares onde trabalhou. Arrisco-me a dizer que sua presença mais importante tenha sido como professor, pois seus alunos o mencionam sempre como inspirador de suas carreiras. Será sempre lembrado por eles", disse.
O presidente do BID disse que Pastore foi o maior expoente do foco na ciência para análise de políticas econômicas. "Ele sempre esteve à frente do seu tempo, desde os primeiros anos na USP, passando por sua larga e profícua carreira até quando tive a honra de com ele e outros colegas criar o Centro de Debate de Política Públicas (CDPP)”.
Em publicação no X, Sergio Moro disse que o país “perde um de seus maiores economistas, que se destacava pelo rigor e integridade de suas análises econômicas”.