Economia

Focado em medidas de austeridade, Rajoy cumpre 1º ano

"Foi um ano difícil", reconheceu hoje a vice-presidente e porta-voz do governo, Soraya Sáenz de Santamaría


	O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy: Rajoy conclui seu primeiro ano de mandato sem ter recorrido a um resgate de seus parceiros da UE
 (REUTERS/Eric Vidal)

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy: Rajoy conclui seu primeiro ano de mandato sem ter recorrido a um resgate de seus parceiros da UE (REUTERS/Eric Vidal)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 15h11.

Madri - O presidente do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, completa nesta sexta-feira seu primeiro ano de mandato focado nas medidas para reduzir o déficit público, tirar o país da recessão econômica e voltar a criar empregos, suas principais preocupações além do discurso pró-soberania iniciado pela Catalunha.

"Foi um ano difícil", reconheceu hoje a vice-presidente e porta-voz do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, ao avaliar os 12 meses transcorridos desde que Rajoy jurou o cargo perante o rei Juan Carlos em 21 de dezembro de 2011.

"Estamos cientes dos enormes esforços que muitos espanhóis estão fazendo" por causa da crise, afirmou a "número dois" do Executivo na entrevista coletiva posterior à reunião semanal do Conselho de Ministros.

Após ressaltar que a Espanha superou outras situações muito difíceis no passado, ela se referiu a alguns fatores positivos, como os dados divulgados hoje sobre o comércio exterior - cujo déficit caiu para 28,3% do PIB e é o melhor desde 1972 -, para dizer que o país "está no caminho adequado".

Mariano Rajoy, de 57 anos, anunciou há um ano como grande prioridade de seu hoverno a redução do déficit e a realização de reformas estruturais para recuperar o crescimento e a confiança dos mercados financeiros, que submeteram a fortes pressões a dívida soberana do país e encareceram enormemente seu financiamento.

O objetivo de reduzir o déficit de quase 9% em 2011 para 6,3% do PIB, conforme combinado com a União Europeia, guiou as políticas de austeridade aplicadas nos últimos meses, que representaram cortes em todos os setores, incluindo Saúde e Educação.

A política de ajustes causou mal-estar social e várias protestos nas ruas, além de duas greves gerais em março, contra a reforma laboral, e em novembro, contra os cortes.


Os sindicatos culpam a política de austeridade imposta pela UE de asfixiar a economia, e se queixam de que a reforma laboral não impediu a falta de empregos, iniciada com a explosão da bolha imobiliária, e que no último ano somou mais de 800 mil pessoas à lista de desempregados, que tem mais de 25% da população ativa.

Para o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), atualmente na oposição e que governou a Espanha até dezembro de 2011, o primeiro ano de governo de Rajoy foi "nefasto", porque "fez a crise piorar".

Segundo sua vice-secretária-geral, Elena Valenciano, os espanhóis "vivem pior" e estão "mais indefesos" devido a uma política "fracassada" no âmbito econômico e de "terra arrasada" no social.

Rajoy conclui seu primeiro ano de mandato sem ter recorrido a um resgate de seus parceiros da UE, que abriram à Espanha uma linha de crédito de 40 bilhões de euros de ajuda aos bancos com problemas. Porém, o chefe do Executivo se reserva a possibilidade de lançar mão de um resgate mais amplo se for necessário no futuro.

Além das preocupações de reduzir o déficit, reativar a economia e voltar a gerar empregos, se soma no final deste primeiro ano de mandato a defensa da soberania da Catalunha, feita pelo presidente dessa comunidade autônoma, Artur Mas, que hoje assumiu seu segundo mandato.

A coalizão liderada por Mas fechou um pacto com uma legenda independentista de esquerda para facilitar a governabilidade. O acordo prevê para 2014 a realização e uma consulta sobre o status da Catalunha com relação à Espanha.

O governo de Rajoy lembrou às autoridades da Catalunha que a Constituição espanhola não contempla uma convocação de referendo como o pretendido pelo presidente regional, o que, portanto, seria ilegal.

Hoje, a vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría declarou que a Constituição "será cumprida" ao ser perguntada se o governo pode garantir que não haverá referendo em 2014. 

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