Martine Guerguil, do FMI, durante apresentação do relatório Monitor Fiscal, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2013 às 18h35.
Washington - O risco fiscal cresceu no Brasil recentemente e o governo precisa fazer uma série de reformas para aumentar a eficiência do gasto público e a expansão potencial do País, avalia a diretora do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Martine Guerguil, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 09.
A diretora destacou que o Brasil tem usado nos últimos anos a política fiscal como forma de mitigar os efeitos da desaceleração da economia global na atividade econômica. O governo, segundo ela, tem usado instrumentos diferentes e um deles foi incentivar os bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a emprestar mais para estimular o mercado local de crédito. Na visão dela, esse foi um dos fatores que levou o risco fiscal a aumentar no País.
"À medida que o crescimento comece a se recuperar no Brasil, seria particularmente apropriado que o País embarcasse em um número de reformas fiscais", afirmou Martine.
O FMI divulgou mais cedo o relatório Monitor Fiscal, em que conclui que os países desenvolvidos reduziram suas taxas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos, mas agora a relação na média dos mercados avançados se estabilizou. Nos emergentes ocorreu o oposto e o risco fiscal aumentou, com uma deterioração nas contas dos governos. "O Brasil foi certamente um dos países onde o risco fiscal cresceu recentemente", disse a executiva.
Martine declarou ainda que o País deveria incorporar no balanço do governo central os títulos do Tesouro na carteira do Banco Central. "Com isso, se teria melhor ideia dos custos e benefícios dessas políticas", disse, referindo-se à estratégia de usar os bancos públicos para estimular o crédito.
A dívida bruta do Brasil em relação ao PIB deve ficar em 68,3% este ano, prevê o FMI, número acima da média dos principais países emergentes (33,4%). Para o ano que vem, a estimativa é que o déficit brasileiro fique em 69%.