Economia

FMI vê Brasil encolhendo em 2015 e 2016

Na América do Sul, a visão que o FMI tem do Brasil para os próximos dois anos só não é pior do que a que tem para a Venezuela


	Presidente Dilma Rousseff: as estimativas do FMI para a economia brasileira são semelhantes às de especialistas
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Dilma Rousseff: as estimativas do FMI para a economia brasileira são semelhantes às de especialistas (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 11h16.

São Paulo - A economia brasileira vai encolher em 2015 e em 2016, fruto de condições políticas turbulentas que abalam a confiança dos agentes econômicos e de rápida queda nos investimentos, num desempenho que só não será pior do que a Venezuela na América do Sul, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada nesta terça-feira.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai encolher 3 por cento este ano, ante projeção de contração de 1,5 por cento feita em julho.

De acordo com seu relatório "Perspectiva Econômica Global", o FMI passou a ver retração de 1,0 por cento em 2016, revertendo por completo a expectativa de crescimento de 0,7 por cento de até então.

"No Brasil, a confiança de empresários e consumidores continua retraindo em grande parte pela deterioração das condições políticas, o investimento está diminuindo rapidamente e a necessidade de aperto na política macroeconômica está colocando pressão negativa dobre a demanda doméstica", afirmou o FMI.

A visão que o FMI tem do Brasil para os próximos dois anos só não é pior do que a que tem para a Venezuela, cujas estimativas para o PIB são de contração de 10 e 6 por cento em 2015 e 2016, respectivamente.

O Brasil vai ter desempenho também pior do que a América do Sul no período, que deve encolher 1,5 e 0,3 por cento no geral. A Argentina, ainda na visão do FMI, vai crescer 0,4 por cento neste ano para depois encolher 0,7 por cento em 2016.

As estimativas do FMI para a economia brasileira são semelhantes às de especialistas, com retração do PIB de 2,85 por cento este ano e de 1 por cento no próximo, segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central.

O país enfrenta grave crise política e econômica, que tem obrigado o governo da presidente Dilma Rousseff a adotar diversas medidas duras para tentar reequilibrar as contas públicas do país. Tudo isso em meio ao cenário de recessão e inflação elevada.

Para a América Latina e Caribe, o FMI calcula que a economia vai encolher 0,3 por cento este ano e crescer 0,8 por cento em 2016.

Já para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento como um todo, a expectativa é de crescimento de 4,0 por cento este ano, acelerando o ritmo de expansão para 4,5 por cento em 2016.

Os números para as economias emergentes foram ajustados ligeiramente para baixo na comparação com as projeções feitas em julho, de expansão de 4,2 e 4,7 por cento, respectivamente.

Segundo o FMI, o crescimento dos países emergentes em 2016 reflete principalmente a recessão menos profunda ou normalização parcial das condições em países com a situação econômica deteriorada em 2015 --como Brasil, Rússia e alguns países da América Latina e do Oriente Médio.

Além disso, efeitos da recuperação mais forte da atividade em economias avançadas e o afrouxamento das sanções ao Irã também devem influenciar nesse processo.

Inflação

O FMI vê a inflação brasileira desacelerando em 2016, mas ainda longe do centro da meta, de 4,5 por cento pelo IPCA. Este ano, os preços devem subir 8,9 por cento e 6,3 por cento em 2016.

Na tentativa de conter a alta nos preços, o BC brasileiro já elevou a taxa básica de juros a 14,25 por cento e argumenta que a manutenção da Selic nesse patamar por período prolongado é necessária para a convergência da inflação ao centro da meta no fim do próximo ano.

A projeção do FMI para a taxa de desemprego no Brasil este ano é de 6,6 por cento, subindo para 8,6 por cento em 2016.

O Fundo projeta ainda que o déficit em conta corrente do Brasil ficará em 4 por cento do PIB neste ano e em 3,8 por cento em 2016.

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