A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: Fundo quer "desatar o nó" da crise econômica mundial (Mandel Ngan/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2014 às 13h23.
Brasília - O Fundo Monetário Internacional (FMI), inicia hoje, em Washington, reunião para desatar o nó da crise econômica global, iniciada em 2008. O encontro deve buscar soluções para que os países superem o baixo crescimento da economia global, disse – em entrevista por telefone à Agência Brasil - o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Comzendey.
“Acho que a discussão vai girar em torno [da busca de respostas para a crise]. O que [se deve fazer] para reagir. Acredito que a discussão estará centrada na conjuntura. Ou seja, na verificação de que a expectativa que havia no início do ano de um crescimento mais forte de uma economia global, que não se realizou, [exige ação]".
Conforme o próprio Fundo, no relatório World Economic Outlook, divulgado esta semana, o ano de 2014 praticamente está se encerrando com crescimento mundial projetado em apenas 3,3%.
A revisão das previsões ocorre em razão de o crescimento na primeira metade de 2014 ter sido inferior ao projetado, refletindo série de "surpresas negativas", incluindo o desempenho relativamente fraco dos Estados Unidos, o crescimento modesto na zona euro e a progressão da economia nipônica abaixo do previsto.
Comzendey lembrou que, durante toda a semana, os economistas do FMI e a própria diretora-gerente do Fundo , Christine Lagarde, alertaram sobre a necessidade de os países adotarem medidas para retomar o crescimento.
“Claramente [o FMI] está demonstrado que há uma frustração da expectativa de crescimento da economia mundial. Mesmo os Estados Unidos, [que vêm se recuperando, tem seus percalços:] em março, o país tinha uma previsão de crescimento de 2,9%, agora já é 2,2%”, destacou.
No caso do Brasil, o FMI reduziu para 0,3% estimativa de crescimento em 2014, abaixo da estimativa do governo de 1,8, defendida pelo governo até setembro, e revisada, desde então, para 0,9%.
“A economia cresceu pouco no primeiro semestre, como a gente sabe, mas está se recuperando agora. Comparativamente, [tendo em vista a performance de] outros países, a gente vê que há uma queda das expectativas [em relação ao Brasil, mas] quase todos os países foram revisados para baixo. [Há] muito pouca análise para cima, como é o caso da Índia. A maioria das previsões mostram a expectativa de crescimento para baixo e o Brasil está nesta mesma direção”, avaliou Comzendey.
Ele admitiu que é importante, sim, os investimentos em infraestrutura, consensual no Brasil, por ser “um dos nós do crescimento do país”. E acrescentou: “O governo vem fazendo, o que qualquer governo [faria]”, disse.
Além do encontro do FMI e do Banco Mundial, o grupo G-20 [que reúne as maiores economias do planeta] agendou reuniões em Washington. Segundo Comzendey, hoje haverá encontro dos países que lideram a economia mundial para preparar o encontro de cúpula que acontece na Austrália, em novembro.
O secretário observou que devem ser feitos ajustes finais sobre os termos da proposta para a iniciativa global de infraestrutura.
“O G20 aprofundou neste ano esta discussão com o objetivo de encontrar caminhos para melhorar a infraestrutura, com a melhora dos investimentos públicos e atração de investimentos privados para a infraestrutura”, disse.