Economia

FMI se contagia por volta do pessimismo na zona do euro

"A zona do euro continua a representar um risco considerável para as perspectivas da economia mundial", ressalta a instituição


	FMI: apesar de alguns "progressos", a zona do euro ainda suscita as maiores preocupações
 (AFP/ Saul Loeb)

FMI: apesar de alguns "progressos", a zona do euro ainda suscita as maiores preocupações (AFP/ Saul Loeb)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 18h58.

Washington - O crescimento mundial em 2013 deve ser mais fraco do que o previsto, limitado pelas novas "fraquezas" de uma zona do euro que ruma para o segundo ano consecutivo de recessão, considerou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira.

"A zona do euro continua a representar um risco considerável para as perspectivas da economia mundial", ressalta a instituição de Washington na apresentação de suas perspectivas econômicas.

O Fundo prevê ainda uma aceleração do crescimento em relação a 2012, mas alerta que ele será "mais gradual" do que o previsto: o produto interno bruto (PIB) mundial deve avançar 3,5% em 2013, ou seja, 0,1 ponto a menos do que o previsto em outubro, e 4,1% em 2014.

"Os números do crescimento não são suficientes para que haja um efeito notável sobre a taxa de desemprego nas economias avançadas", alertou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Apesar de alguns "progressos", a zona do euro ainda suscita as maiores preocupações. "A atividade na periferia da zona do euro foi ainda menor do que o previsto, com sinais de quedas mais fortes" no núcleo duro da região, ressalta o Fundo.


A instituição revisou o seu cálculo: enquanto previa até então um tímido retorno ao crescimento este ano (+0,2%), ela projeta mais um ano de recessão (-0,2%) para a zona do euro, onde três países (Grécia, Irlanda, Portugal) estão sob auxílio financeiro, que talvez tenham ao Chipre ao seu lado.

De acordo com o FMI, a "incerteza" continua em torno do fim da crise na Europa, e uma "estagnação prolongada" não está descartada se as reformas (supervisão bancária, união política...) não forem levadas adiante.

O motor da Europa, a Alemanha, teve a sua previsão reduzida em 0,3 ponto, a +0,6%.

A França teve a sua previsão reduzida ainda mais este ano, de 0,4% para 0,3%.

Com uma simples frase, o relatório tenta fechar o debate --dentro até do próprio FMI-- sobre os perigos da austeridade na Europa. "Os países da periferia devem manter seus ajustes" orçamentários, indica o Fundo.


Partidário de uma linha menos rígida, Blanchard lembrou que o FMI tinha aliviado alguns planos de austeridade (Portugal, Grécia...), mas insistiu que as medidas econômicas continuam sendo indispensáveis.

Voltando-se para os Estados Unidos, o FMI pede que a maior potência global evite uma redução "excessiva" de seus déficits "à curto prazo" para não sufocar um crescimento frágil, que deve ser de no máximo 2% este ano.

No início de janeiro, o amargo remédio da austeridade do "muro prçamentário" foi evitado no último momento nos Estados Unidos, mas cortes nas despesas públicas não são descartados.

Com os países desenvolvidos estagnados, o crescimento mundial deve ser impulsionado novamente pelos grandes países emergentes. O PIB chinês deve avançar 8,2% este ano, seguido por Índia (5,9%) e Brasil (3,5%), segundo o Fundo. A África Subsaariana deve registrar um crescimento de 5,8%.

O FMI também manifestou a sua preocupação com uma desconexão entre o "otimismo" dos mercados financeiros e a morosidade da economia real.

"A questão é saber se (os mercados) estão muito à frente, se nós assistimos à formação de uma bolha", se pergunta Blanchard. "Neste ponto, é difícil dizer".

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