Economia

FMI reduz a previsão de crescimento para a América Latina

Segundo o fundo, após um crescimento de 1,3% na região em 2017, deve haver avanço de 1,6% em 2018 e de 2,6% em 2019

FMI: resultado é mais modesto que as projeções de abril, que eram de +2,0% para 2018 e +2,8% para 2019 (Yuri Gripas/Reuters)

FMI: resultado é mais modesto que as projeções de abril, que eram de +2,0% para 2018 e +2,8% para 2019 (Yuri Gripas/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de julho de 2018 às 17h28.

São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que a atividade na América Latina continua a se recuperar, porém ainda em um quadro de dificuldades.

Segundo o fundo, após um crescimento de 1,3% na região em 2017, deve haver avanço de 1,6% em 2018 e de 2,6% em 2019. O resultado é mais modesto que as projeções de abril, que eram de +2,0% e +2,8%. As projeções repetem as divulgadas na semana passada pelo fundo.

"Embora o crescimento tenha acelerado em alguns países, a recuperação tornou-se mais dura para algumas das principais economias, por causa de pressões do mercado em um nível global, amplificadas por vulnerabilidades específicas dos países", afirma Alejandro Werner, diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo.

Em sua análise, Werner diz que as condições para a demanda global e as finanças tornaram-se mais frágeis, com riscos de baixa maiores e em um quadro de aperto gradual das condições financeiras pelo mundo. "Uma escalada nas tensões e conflitos comerciais aumenta os riscos de baixa para a perspectiva atual, inclusive por meio de seu impacto potencial sobre a incerteza e o investimento", sustenta.

No caso específico do Brasil, o FMI reafirmou que prevê crescimento de 1,8% em 2018 (em abril, projetava +2,3%). Para 2019, a projeção foi mantida em +2,5%. O fundo cita como causas as condições globais mais restritas e a recente greve dos caminhoneiros no País.

"O resultado incerto das eleições gerais de 2018 pode pesar mais sobre o crescimento", alerta o fundo. O FMI cita ainda que os esforços para aprovação de uma "muito necessária reforma da Previdência", que ele julga como "uma medida chave para a consolidação fiscal subjacente", estão paralisados por causa do calendário eleitoral.

A Argentina, por sua vez, deve sofrer contração econômica no segundo e no terceiro trimestres deste ano. "O crescimento neste ano deve desacelerar para 0,4%, com recuperação gradual em 2019 e 2020, apoiada pela volta da confiança no âmbito do programa de estabilização apoiado pelo fundo", argumenta Werner, citando que isso deve gerar um custo mais baixo de capital, inflação menor e demanda maior de exportações dos parceiros.

O Chile, na contramão, deve crescer 3,8% neste ano, acima da projeção anterior de +3,4%, diz o FMI, que cita a força da confiança das empresas e dos consumidores no país.

Caso mais grave é o da Venezuela, que enfrenta "profunda crise econômica e social". O PIB real do país deve encolher 18% neste ano e 5% em 2019, com queda forte na produção de petróleo e muitas distorções microeconômicas, em um quadro de "grandes desequilíbrios macroeconômicos", diz o FMI.

Além disso, o fundo projeta inflação e 1.000.000% no fim de 2018, comparando o quadro no país à Alemanha de 1923 ou ao Zimbábue do fim dos anos 2000. O fundo prevê ainda a disseminação de efeitos negativos do quadro venezuelano em países vizinhos, sem entrar em detalhes.

Em relação ao México, o fundo diz que o quadro é de dúvidas por causa do futuro do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), que os EUA renegociam com o país e o Canadá. O PIB mexicano deve acelerar e avançar 2,3% em 2018 (de +2,0% em 2017), diz Werner, porém há incertezas para os investimentos e, em menor medida, para o consumo privado.

"Um compromisso claro com a responsabilidade fiscal e a contínua redução do nível da dívida pública pelo governo recém-eleito serão cruciais para preservar a estabilidade macroeconômica e financeira", afirma o fundo, ao fazer uma menção ao presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador.

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