Economia

FMI prevê hiperinflação na Venezuela de 10.000.000% ao ano

Fundo afirmou que o desemprego no país pode chegar a 44,3% em 2019 e que a América Latina deve crescer menos por conta do "ônus" da Venezuela

Maduro: a inflação acumulada da Venezuela foi de 1.555.146% em 2018 (Boris Vergara/Getty Images)

Maduro: a inflação acumulada da Venezuela foi de 1.555.146% em 2018 (Boris Vergara/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 9 de abril de 2019 às 16h48.

Última atualização em 9 de abril de 2019 às 16h51.

A América Latina e o Caribe crescerão menos em 2019 e 2020 com o "ônus considerável" representado pela Venezuela, estimou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu último relatório "Perspectivas da economia global" divulgado nesta terça-feira.

No relatório, conhecido como WEO por sua sigla em inglês, o FMI cortou sua previsão de crescimento para a região para 1,4% em 2019 e para 2,4% em 2020; 0,6 e 0,1 ponto a menos, respectivamente, do que as estimativas atualizadas de janeiro.

Além disso, reduziu as expectativas de crescimento para este ano no Brasil e no México, as duas maiores economias regionais, e projetou uma queda de 25% na volátil Venezuela.

"A economia venezuelana deverá se retrair um quarto em 2019 e outros 10% em 2020, um colapso maior do que o previsto no WEO de outubro de 2018 e que gera um ônus considerável para o crescimento projetado para a região e para o grupo de mercados emergentes e economias em desenvolvimento nos próximos dois anos", afirmou o Fundo.

Vinte anos após a chegada à Presidência de Hugo Chávez, falecido em 2013, a Venezuela, país com as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, está mergulhada em uma crise econômica colossal marcada pela hiperinflação, escassez de alimentos e remédios, falhas de abastecimento de água e eletricidade e com a produção de petróleo reduzida à metade desde 2014.

"Neste momento é muito difícil fazer previsões para a Venezuela, por causa da crise humanitária, alimentar e de medicamentos", disse Oya Celasun, diretor do Departamento de Pesquisa do FMI.

Em relação ao Brasil e ao México, os motores da economia latino-americana, o FMI destacou variações em relação às projeções de outubro do WEO.

"Essas mudanças, em parte, refletem alterações nas percepções sobre a condução das políticas nos novos governos em ambos países", disse o WEO.

No Brasil, que ainda se recupera da recessão de 2015 e 2016, onde o ultra-direitista Jair Bolsonaro assumiu a presidência em 1º de janeiro, o Fundo estimou um fortalecimento do crescimento, de 1,1% em 2018 para 2,1% em 2019 e 2,5% em 2020.

Mas para o México, governado desde 1º de dezembro por Andrés Manuel López Obrador, o FMI disse que a expansão permanecerá abaixo de 2% em 2019 e 2020, uma redução próxima de 1 ponto nos dois anos em relação ao WEO de outubro.

"Claramente, o México também foi afetado nos últimos anos por tensões comerciais com os Estados Unidos", disse Gian Maria Milesi-Ferretti, vice-diretor do Departamento de Pesquisa do FMI.

Argentina e Venezuela

Apesar de ter reduzido o crescimento da América Latina e do Caribe nesses anos, o FMI mostrou algum otimismo pela "estabilização financeira e recuperação" esperadas para a Argentina, terceira maior economia da região.

O FMI está otimista com a Argentina - país que auxiliou no ano passado com a concessão de um empréstimo de 56 bilhões de dólares para enfrentar uma crise financeira e cambiária.

Esse montante é um recorde para a instituição que acordou com o governo de Maurício Macri em troca de um severo ajuste fiscal.

Em seu relatório de abril, o Fundo disse que a economia argentina retrairá no primeiro semestre de 2019 "à medida que a demanda doméstica diminui com políticas mais rígidas para reduzir os desequilíbrios".

O organismo previu que o país voltará a crescer no segundo semestre do ano, à medida que a renda real se recupera e a produção agrícola é retomada após a seca de 2018.

O PIB da Argentina vai recuar 1,2% em 2019, mas expandir 2,2% em 2020, segundo o Fundo.

Para a Venezuela, onde o WEO de outubro projetou uma hiperinflação sem precedentes de 10.000.000% para este ano, o Fundo manteve essa estimativa tanto para 2019 quanto 2020, após sinalizar uma inflação acumulada de 1.555.146% em 2018.

Sobre o desemprego, a Venezuela também se destaca especialmente na região, com uma taxa estimada de 47,9% para 2020, acima dos 35% de 2018 e dos 44,3% de 2019, disse o Fundo.

Na Argentina, onde milhares de pessoas tomaram as ruas para protestar contra a implementação do acordo com o FMI, o Fundo projetou um desemprego de 9,9% para 2019 e 2020.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDesempregoFMIInflaçãoVenezuela

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE