Economia

FMI piora estimativa de queda do PIB do Brasil em 2020 de 5,3% para 9,1%

Se confirmado, seria o pior resultado da série histórica iniciada em 1900. Para o grupo de mercados emergentes e em desenvolvimento, previsão é queda de 3%

Rua é higienizada devido ao coronavírus (Antonio RODRIGUEZ/AFP)

Rua é higienizada devido ao coronavírus (Antonio RODRIGUEZ/AFP)

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Reuters

Publicado em 24 de junho de 2020 às 10h13.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 10h45.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou com força sua estimativa para a contração da economia brasileira em 2020 devido aos impactos da pandemia de coronavírus sobre a atividade, mas ao mesmo tempo passou a ver maior crescimento no ano que vem.

Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada nesta quarta-feira, o FMI passou a projetar contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 9,1% neste ano, contra recuo de 5,3% previsto em abril, já calculado por reflexo da pressão das medidas adotadas contra o coronavírus.

Se confirmado, seria o pior resultado da série história que começou em 1900. Mas para 2021 a projeção de crescimento do FMI para o Brasil aumentou a 3,6%, de 2,9% no relatório anterior.

"Entre economias emergentes e em desenvolvimento, a projeção é que o impacto sobre a atividade decorrente de interrupções domésticas fique mais perto do cenário de baixa previsto em abril, mais do que compensando a melhora no sentimento do mercado financeiro", explicou o FMI em seu relatório.

"A redução também reflete maior contágio da demanda externa mais fraca", completou.

Para o grupo de mercados emergentes e em desenvolvimento, o FMI prevê retração de 3% em 2020, 2 pontos percentuais pior que a estimativa do relatório de abril, passando a um crescimento de 5,9% em 2021, refletindo em grande parte a recuperação prevista para a China (+8,2%).

Excluindo a China, as taxas para o grupo seriam de queda de 5,0% em 2020 e crescimento de 4,7% em 2021, de acordo com o FMI.

O cenário para o Brasil fica mais em linha ao de América Latina e Caribe, com recessão de 9,4% em 2020 e expansão de 3,7% em 2021. Ainda pior que o Brasil, o México deve registrar contração de 10,5% em 2020, antes de expansão de 3,3% em 2021, prevê o FMI.

O FMI explicou que, de forma geral, a pandemia de Covid-19 teve impacto mais negativo sobre a atividade no primeiro semestre de 2020 do que o esperado e que a recuperação deve ser mais gradual do que se projetava antes.

"Existe um grau mais alto do que o normal de incerteza em torno dessa projeção", disse o FMI.

Na terça-feira, o Banco Central do Brasil avaliou que a atividade econômica brasileira atingiu o fundo do poço em abril e ressaltou que seu cenário básico considera queda forte do Produto Interno Bruto (PIB) em todo o primeiro semestre.

A nova projeção do BC para o PIB deste ano sairá na quinta-feira, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Dados do BC mostram que a economia brasileira iniciou o segundo trimestre com queda de 9,73% em abril sobre o mês anterior.

O Ministério da Economia ainda projeta contração do PIB em 2020 de 4,7%, dado que não foi revisado após a divulgação de que a economia encolheu 1,5% no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores.

Na mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC, o mercado prevê que a economia vai encolher 6,5% neste ano, expandindo 3,50% em 2021.

Fiscal

O FMI fez ainda avaliações sobre a resposta fiscal dos países à pandemia, destacando que nas economias emergentes ela foi estimada em 5% do PIB, "considerável, mas menos do que em economias avançadas".

Para o Brasil, o FMI prevê um déficit fiscal de 16% do PIB em 2020 e de 5,9% em 2021, com a dívida bruta alcançando 102,3% do PIB neste ano e 100,6% no próximo.

De acordo com o FMI, a métrica para a dívida bruta brasileira se refere ao setor público não-financeiro, excluindo Eletrobras e Petrobras, e inclui dívida soberana detida pelo banco central.

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