Economia

FMI pede reformas à Espanha após ajuda europeia aos bancos

A instituição prevê também que o objetivo espanhol de reduzir o déficit este ano para 5,3% do PIB provavelmente "não seja alcançado"

A Espanha tem atualmente o desemprego mais elevado dos países industrializados, com 24,44% da população ativa (Yuri Gripas/Reuters)

A Espanha tem atualmente o desemprego mais elevado dos países industrializados, com 24,44% da população ativa (Yuri Gripas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2012 às 15h19.

Madri - O Fundo Monetário Internacional pediu nesta sexta-feira que a Espanha apresente um plano de reformas claro e coerente, menos de uma semana depois do anúncio de uma ajuda europeia aos bancos espanhóis, segundo as conclusões da missão do FMI, que desempenha um papel na supervisão do processo.

Ressaltando que esta ajuda de até 100 bilhões de euros é uma oportunidade para o país, o organismo ressalta a necessidade de "acompanhá-lo de um pacote integral de reformas em outras áreas", entre elas um aumento imediato do IVA.

A instituição prevê também que o objetivo espanhol de reduzir o déficit este ano para 5,3% do PIB provavelmente "não seja alcançado".

"Porque, depois do anúncio do plano de ajuda europeu, a confiança dos mercados continua frágil e as perspectivas são muito difíceis", enfatiza o FMI.

Esta semana, a agência de classificação de risco Moody's reduziu a nota da dívida de longo prazo da Espanha em três níveis, para "Baa3", pouco acima da categoria "especulativa". A Moody's, que citou as dificuldades da economia espanhola e do Estado para se financiar, completou que esta nota poderá ser revisada para baixo nos próximos três meses.

Já as taxas de juros da dívida espanhola a dez anos alcançaram na manhã de quinta-feira seu nível mais alto desde a criação da Eurozona, 6,967% (contra 6,721% no fechamento de quarta-feira), superando o recorde anterior da véspera e revelando que os investidores seguem muito preocupados com a situação do país, apesar do resgate do último fim de semana.


A imprecisão em torno do plano de ajuda, especialmente suas condições, contribui para toda essa tensão.

Apesar de Madri assegurar que a ajuda só diz respeito ao setor bancário, o Eurogrupo advertiu que vigiará de perto o respeito às metas espanholas quanto ao déficit e ao prosseguimento das reformas estruturais.

Segundo o presidente do Banco Central Alemão, Jens Weidmann, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo El País, o resgate da Espanha deve ser acompanhado de condições amplas, considerando que Madri já não espera uma ajuda financeira sem condições.

As condições do empréstimo do Eurogrupo para recapitalizar os bancos espanhóis, que pode alcançar 100 bilhões de euros, desencadearam uma polêmica na Espanha, onde a oposição teme novas medidas de austeridade, enquanto o governo assegura que apenas o setor financeiro será envolvido.

O FMI, no entanto, destacou o posicionamento de Madri.

"É preciso felicitar o governo por garantir um apoio financeiro concreto para o setor financeiro", afirmam as conclusões.

Segundo o órgão, isso contribuirá para o "processo de saneamento, reestruturação e recapitalização" dos bancos.

"Realizar isso plenamente e acompanhar o processo de um pacote integral de reformas em outras áreas deverá ajudar a restabelecer a confiança e colocar de novo a economia no caminho do crescimento e do emprego", afirmou o FMI.

A Espanha tem atualmente o desemprego mais elevado dos países industrializados, com 24,44% da população ativa.

Além disso, a dívida pública da Espanha alcançou 72,1% do PIB no fim de março, em um novo recorde histórico que a situa oito pontos e meio acima em relação a um ano atrás (63,6%), segundo números publicados nesta sexta-feira pelo Banco da Espanha.

"Será fundamental a comunicação clara e coerente desse pacote", concluiu o FMI.

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