FMI: "A economia do Brasil permanece em recessão, mas a atividade parece estar perto de seu ponto de inflexão conforme os efeitos de choques passados diminuem" (AFP/ Saul Loeb/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2016 às 10h41.
São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou inalteradas as estimativas para a atividade econômica do Brasil neste ano e no próximo, e destacou que o país parece próximo de virar o jogo conforme perdem força os efeitos de choques passados.
O FMI divulgou nesta terça-feira seu relatório "Perspectiva Econômica Global", com a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro irá contrair 3,3 por cento em 2016, com um crescimento de 0,5 por cento em 2017.
Assim, o fundo manteve o cálculo feito na revisão do relatório em julho.
"A economia do Brasil permanece em recessão, mas a atividade parece estar perto de seu ponto de inflexão conforme os efeitos de choques passados... diminuem", explicou o FMI no relatório, referindo-se à queda nos preços das commodities, ajustes dos preços administrados de 2015 e incertezas políticas.
Ainda assim, o cenário para o Brasil é bem fraco quando se considera o quadro geral de América Latina e Caribe, cuja projeção é de uma contração de 0,6 por cento este ano e expansão de 1,6 por cento no próximo.
Na América do Sul, a retração esperada para o Brasil este ano só não é pior do que o recuo de 10 por cento projetado pelo FMI para a Venezuela.
Em 2017, além da Venezuela, o Equador também deve registrar queda da atividade, nas contas do fundo --4,5 e 2,7 por cento, respectivamente.
A América do Sul como um todo deve ter retração do PIB de 2 por cento em 2016, mas deve registrar um aumento de 1,1 por cento no ano que vem. O FMI destacou que existe no Brasil uma necessidade abrangente de melhorar a confiança e elevar os investimentos --dois pontos que vêm sendo fortemente destacados pelo governo como essenciais-- por meio do fortalecimento das estruturas de política econômica.
"Adotar a proposta de regra de gastos e apresentar uma estrutura de consolidação fiscal coerente de médio prazo enviará um forte sinal de compromisso", destacou o FMI.
O resultado do PIB em 2016 esperado pelo FMI para o Brasil está próximo da visão de economistas na pesquisa Focus do Banco Central, que veem contração de 3,14 por cento. Para 2017, entretanto, o levantamento do BC aponta expectativa de expansão de 1,30 por cento.
Ainda no relatório, o FMI calculou que a inflação ao consumidor brasileira fechará este ano a 9,0 por cento, desacelerando em 2017 a 5,4 por cento. Para o desemprego a expectativa é de 11,2 e 11,5 por cento respectivamente.