Sede do Fundo Monetário Internacional: FMI disse que pretende finalizar a fórmula até janeiro de 2014 (AFP/ Saul Loeb)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 09h11.
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) falhou em cumprir nesta quinta-feira o prazo imposto a si mesmo para definir uma nova fórmula que determine o poder de voto dos países membros, de forma a dar mais voz a economias emergentes.
Há dois anos os países membros do FMI debatem detalhes da fórmula que deveria refletir a ascensão da China, Brasil e outras grandes economias emergentes.
O FMI disse que pretende finalizar a fórmula até janeiro de 2014, quando irá revisar novamente o peso do voto de cada membro.
Em nota na quinta-feira, a instituição disse ter havido "importante progresso na identificação de elementos-chaves que possam formar a base para um acordo final sobre uma nova fórmula para a cota".
"O conselho teve uma série iluminadora de discussões no último ano, e os membros estão agora em boa posição para definir uma fórmula melhorada no contexto da próxima 15a revisão geral das cotas", disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, na nota.
As economias emergentes culparam a Europa por resistir a uma mudança que enfraqueceria seu tradicional domínio sobre o fundo.
Paulo Nogueira Batista, diretor-executivo que representa o Brasil e dez outros países, lamentou a falta de acordo após dois anos de negociações, e alertou que o FMI pode perder credibilidade se não for reformado.
Ele disse que as reformas na governança do fundo praticamente pararam desde 2011, quando o FMI deixou de implantar mudanças nas votações acertadas em 2010.
"Agora temos uma tentativa de superar o fato de que a revisão da fórmula de cotas tampouco foi concluída", disse Batista em nota. "O FMI está se aproximando daquilo que poderíamos chamar de ‘abismo de credibilidade'." Os países emergentes querem que os votos sejam ponderados levando mais em conta seu poder de compra, enquanto os países europeus buscam dar mais ênfase à medição da abertura econômica, pois isso reflete, entre muitas outras coisas, os vastos fluxos comerciais entre os países da zona do euro.
Eliminar ou reduzir a medição da abertura econômica reduziria fortemente a influência da Europa no FMI, beneficiando China, Índia e Brasil.
"Uma nova cota continua sendo a chave para o indispensável reequilíbrio do poder decisório no FMI", disse Batista. "Sem esse reequilíbrio, a instituição não será capaz de reter seu caráter central na economia mundial nos próximos anos." Pela atual cota, disse ele, a Holanda tem quase o mesmo poder do Brasil, apesar de este ter uma economia muito maior. Ele também observou que o pequeno Luxemburgo tem uma cota maior do que Argentina ou África do Sul, por exemplo.