Economia

FMI aponta trajetória de alta da dívida do Brasil, que deve alcançar 98,1% do PIB em cinco anos

Para o ano, estimativa é de 91,4% do PIB, atrás apenas de Bahrein, Ucrânia e China; metodologia para cálculo do indicador é diferente da usada no Brasil

FMI: Fundo vê aumento da dívida brasileira  (Yuri Gripas/Reuters)

FMI: Fundo vê aumento da dívida brasileira (Yuri Gripas/Reuters)

Agência o Globo
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Publicado em 15 de outubro de 2025 às 14h23.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a dívida pública bruta do Brasil vai passar de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e vai alcançar 98,1% daqui a cinco anos.

O cenário, traçado no relatório Monitor Fiscal, divulgado nesta quarta-feira, 15, é um pouco melhor que na última edição do documento, liberada em julho, mas ainda assim é preocupante para as contas públicas brasileiras.

A previsão para a dívida neste ano é de 91,4% do PIB, pouco abaixo dos 98,2% previstos anteriormente. No ano passado, o débito ficou em de 87,3% do PIB, nos cálculos do FMI. A estimativa anterior para 2030 era de 99,4% do PIB.

O endividamento bruto é um dos principais indicadores de solvência de um país e é observado de perto por analistas e investidores.

Mas o critério do FMI para calcular a dívida bruta é diferente do usado pelo governo brasileiro. O Fundo inclui na conta os títulos do Tesouro Nacional que estão na carteira do Banco Central (BC), o que não é considerado na nossa metodologia.

Pelas regras brasileiras, o endividamento bruto estava em 77,5% do PIB em agosto, segundo os últimos dados disponíveis. A dívida totalizava R$ 9,6 trilhões naquele mês.

Comparando os dados do Brasil com outras 37 economias emergentes listadas no relatório, só há três países com relação dívida/PIB maior que a brasileira. São eles: Bahrein (142,5% do PIB), Ucrânia (108,6% do PIB) e a China (96,3% do PIB).

Superávit só em 2027

O Fundo não alterou as projeções para o resultado primário (que exclui gastos com juros) em relação às estimativas anteriores. O FMI espera que haja um déficit de 0,6% do PIB neste ano e de 0,4% do PIB em 2026.

A partir de 2027, o resultado é superavitário, em 0,3% do PIB. O indicador sobe até alcançar 1,4% do PIB em 2030. As projeções são para o governo geral, que no critério da instituição engloba União, Estados e municípios, sem considerar estatais.

Pelas regras do arcabouço fiscal, o Brasil deveria ter déficit zero neste ano e alcançar superávit de 0,25% do PIB em 2026. Em ambos os casos, há uma banda, que flexibiliza essas metas.

Neste ano, o governo está trabalhando com um déficit de 0,25% do PIB, dentro dos parâmetros estabelecidos. Para o próximo ano, a parte inferior da banda seria zero, ou seja, o governo tem que fechar as contas necessariamente no azul, cenário que o Fundo não acredita que será alcançado.

Na terça-feira, 14, o Fundo anunciou as novas projeções de crescimento para a economia global. No caso do Brasil, o FMI elevou a estimativa de 2025 para 2,4%, acima dos 2,3% estimados em julho. Para 2026, o número é de 1,9%, inferior aos 2,1% previstos antes. O crescimento mais forte para o Brasil em 2025 pode ajudar a explicar a estimativa um pouco mais baixa para a dívida bruta no período.

No Monitor Fiscal, há também uma seção dedicada ao estudo de casos de realocação de gastos públicos. Nele, o FMI faz uma breve análise do Bolsa Família e elogia o programa.

“O caso do Brasil oferece lições valiosas sobre como integrar a proteção social às políticas educacionais para promover tanto a equidade quanto os resultados de aprendizagem”, diz o texto.

O programa , implementado em 2003, exige que as famílias garantam que seus filhos frequentem a escola e façam exames de saúde para receberem o benefício.

“Essa política aumentou significativamente a frequência escolar entre crianças de grupos de baixa renda, ajudando a reduzir as taxas de evasão escolar e a aumentar a equidade”.

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