Economia

FMI alerta que estatais podem comprometer rating do Brasil

O FMI destaca que o Brasil, e outros emergentes, estão no limite para perder a classificação grau de investimento pelas agências de classificação de risco


	Na corda bamba: o FMI destaca que o Brasil, e outros emergentes, estão no limite para perder a classificação grau de investimento pelas agências de classificação de risco
 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

Na corda bamba: o FMI destaca que o Brasil, e outros emergentes, estão no limite para perder a classificação grau de investimento pelas agências de classificação de risco (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 12h06.

Lima - O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta em documento divulgado nesta quarta-feira, 7, que o endividamento de empresas estatais pode comprometer os ratings soberanos de países emergentes, na medida em que o Estado pode ter que assumir dívidas dessas companhias, que estão sob pressão em meio à valorização do dólar e perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos.

O relatório cita a Petrobras, no Brasil, a PDVSA na Venezuela, a KazMunayGas no Cazaquistão, Rosneft na Rússia e a Eskom na África do Sul, todas com parcela importante dos passivos em moeda estrangeira.

O FMI destaca que o Brasil, e outros emergentes, como África do Sul e Turquia, estão no limite para perder a classificação grau de investimento pelas agências de classificação de risco. O Brasil já perdeu a nota em agosto pela Standard & Poor's (S&P), mas ainda detém o ratings na Moody's e na Fitch.

Um cenário de turbulência no mercado financeiro global, com menor crescimento e os investidores demandando maior prêmio para assumir riscos, seria uma pressão adicional nos ratings de várias economias no médio prazo, afirma o documento.

"A perda do grau de investimento consolidaria custos maiores de captação para governos e empresas."

O relatório afirma que a situação dessas companhias estatais pode amplificar os "ventos contrários" para os governos, principalmente quando os passivos contingentes precisam ser assumidos pelo Estado.

O FMI ressalta ainda que desde 2010 tem crescido a parcela da dívida dessas empresas em dólar, incluindo a da Petrobras, o que pode ser um problema em um momento de alta de juros nos Estados Unidos e valorização do dólar frente as principais moedas mundiais.

O FMI alerta que o risco da perda do grau de investimento evidencia a necessidade de os governos seguirem com os "necessários ajustes" na política econômica, além de fazerem reformas estruturais.

O documento divulgado hoje volta a chamar atenção para o aumento do endividamento em dólar das empresas dos países emergentes.

O Brasil aparece em nono lugar em uma lista com os 14 emergentes com passivos mais expostos a moedas estrangeiras, considerando as empresas não financeiras.

Cerca de 28% da dívida corporativa brasileira estão em divisas externas. A Hungria é a líder do ranking, com quase 70% dos passivos em moeda estrangeira, seguida pela Indonésia, com 55%.

O relatório ressalta ainda que, no Brasil, por volta de 35% dos passivos das empresas não financeiras estão no setor de energia (que inclui petróleo) e mineração e metais.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingEmpresasFitchFMIMoody's

Mais de Economia

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições

Ministros apresentam a Lula relação de projetos para receber investimentos da China