A agência cita problemas relacionados à continuidade da seca, que deverá forçar um racionamento de água, particularmente em São Paulo (Divulgação/Sabesp)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2015 às 15h18.
São Paulo - A agência de classificação Fitch Ratings avaliou nesta semana que cortar despesas neste ano será algo "desafiador" para o estados brasileiros do ponto de vista político e após gastarem em excesso em 2014 com as eleições.
Em relatório, a equipe de analistas da agência avalia que os cortes serão difíceis também porque os aumentos de impostos "estão chegando ao limite" e porque medidas como a utilização de ativos do sistema de previdência para cobrir gastos correntes são negativas. Diante desse cenário, a Fitch prevê que as margens operacionais de muitos estados brasileiros vão se deteriorar no curto prazo.
"As despesas dos estados estão se mostrando sensivelmente rígidas e sua redução têm provocado reações. Propostas para cortar custos enfrentam forte oposição, com manifestações forçando assembleias legislativas a postergar a aprovação de medidas neste sentido", destaca no relatório.
A agência ressalta que as medidas que os estados poderiam tomar, como o enxugamento de secretarias e de cargos comissionados, não devem ser suficientes para reduzir significativamente as despesas. Com isso, a Fitch diz acreditar que o pagamento de fornecedores sofrerá atrasos e que contratos serão revisados "mais frequentemente". "A agência também crê que obrigações relacionadas a parcerias público-privadas sofram com atrasos", acrescenta.
No relatório, a agência avalia que as receitas seguem pressionadas e que as dificuldades econômicas são piores do que muitos analistas esperavam - fatores que aumentam a aversão ao risco por parte de investidores privados.
"A Fitch acredita que poucos estados recorrerão a reservas dos fundos de pensão para cobrir despesas correntes", diz no relatório. A agência cita ainda problemas relacionados à continuidade da seca, "que deverá forçar um racionamento de água, particularmente em São Paulo", e à redução da arrecadação de royalties da exploração de petróleo, que terá maior impacto sobre o estado do Rio de Janeiro.