O presidente do BC mexicano, Agustín Carstens (Alex Wong/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 17h37.
Última atualização em 20 de dezembro de 2016 às 18h28.
São Paulo - Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México, disse que Donald Trump pode ser como um filme de terror para o país.
“Fomos ao cinema e vimos os curtas, mas a partir de 20 de janeiro começa a passar o filme".
A declaração foi dada hoje para um grupo de executivos em Guadalajara, segundo reportagem do El País.
Conhecido como ortodoxo, Carstens anunciou recentemente que deixará a liderança do BC a partir de julho do ano que vem após sete anos no cargo.
O México é um dos principais alvos da retórica de Trump, que já prometeu construir um muro para conter a imigração e ainda mandar a conta para o vizinho.
O NAFTA, acordo regional entre EUA, México e Canadá, também já foi chamado de "desastre" pelo próximo presidente americano.
Recentemente, ele anunciou um acordo com a empresa Carrier para que ela não transferisse uma fábrica (e seus empregos) para o México.
Tudo isso tem levado a uma piora nas projeções de crescimento mexicanas para o ano que vem, com possibilidade de recessão.
O peso mexicano também teve uma queda brutal, pressionando uma inflação que já está alta.
Em resposta, o banco central do México elevou a taxa de juros na última quinta-feira, dia 15, em 0,50 ponto percentual.
Foi a sexta alta em um ano, e veio acima do que esperava o mercado, levando os juros para 5,75%.
Hoje, o país divulgou números positivos de crescimento do varejo e dos salários reais, mas a perspectiva para o futuro é incerta.
"Deterioração dos índices de confiança, taxas em alta, inflação crescendo gradualmente e um provável aumento de poupanças por precaução devido à incerteza e os riscos criados pelo resultado da eleição americana podem minar o dinamismo do consumo privado", diz um relatório publicado hoje por Alberto Ramos, chefe de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs.