Economia

FHC, Lagos e González querem repensar respostas para a crise

Fernando Henrique Cardoso disse que a Europa olha apenas para um lado e dessa forma não poderá sair nunca da situação

O velho continente necessita combinar "o controle do gasto público com o investimento social", acrescentou o ex-presidente (Wikimedia Commons)

O velho continente necessita combinar "o controle do gasto público com o investimento social", acrescentou o ex-presidente (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2012 às 17h19.

Caracas - Os ex-presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e do Chile, Ricardo Lagos , acompanhados do ex-chefe de governo da Espanha, Felipe González, defenderam neste sábado, em Caracas, o repensar de respostas para a crise econômica, principalmente na Europa, com maior regulação dos mercados, mas sem deixar de preservar os sistemas de coesão social.

Durante uma entrevista à imprensa na capital venezuelana, FHC (1995-2003) disse que a Europa "olha apenas para um lado e dessa forma não poderá sair nunca" da situação, referindo-se às políticas de austeridade que estão sendo aplicadas para reduzir a dívida pública que incidem sobre as classes trabalhadoras, por exemplo, através da redução de salários ou do seguro-desemprego.

O velho continente necessita combinar "o controle do gasto público com o investimento social", acrescentou o ex-presidente, defendendo a estratégia que permitiu ao Brasil superar uma crise econômica durante seu mandato.

Os três ex-governantes alertaram para a política de austeridade e os cortes de benefícios sociais que vêm sendo feitos na Europa, ao mesmo tempo em que exortaram a América Latina a trabalhar junto para enfrentar a crise, com impacto em todo o planeta.

Segundo o ex-presidente do governo espanhol Felipe González (1982-1996), "o grande erro na Europa é administrar mal o problema da dívida (pública). A situação está piorando por falta de decisão política", criticou, lamentando que os mercados, aos quais chamou "cassinos", sigam "desregulados" quatro anos depois da explosão da crise financeira mundial espalhada pelos Estados Unidos.

"Se a sociedade se faz à imagem e semelhança dos mercados (...), reproduz suas desigualdades", afirmou por sua vez o ex-presidente chileno Ricardo Lagos (2000-2006).

Lagos felicitou-se de que a América Latina tenha se saído bem do impacto global trazido pela crise americana: "aprendemos com as experiências passadas, enfrentando a situação com um sistema financeiro mais bem regulado".

Os três líderes viajaram a Venezuela para participar de um simpósio sobre economia e aproveitaram sua estada no país para desejar "pronta recuperação" ao presidente Hugo Chávez, que convalesce, em Cuba, da cirurgia para extirpar um tumor canceroso.

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