Carteira de trabalho: parte da piora é natural, mas parte se deve a uma deterioração, por causa da fraca atividade econômica, segundo especialista (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2013 às 12h10.
Rio de Janeiro - Mesmo que a taxa de desemprego média encerre 2013 em nível parecido com o de 2012, a "perspectiva para o mercado de trabalho para o fim deste ano está bem pior", avaliou, nesta segunda-feira, 12, o pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Fernando de Holanda Barbosa Filho.
Para o economista, após sucessivos recordes de baixa no desemprego, houve uma reversão de tendência. Mais cedo, o Ibre/FGV informou que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 5,7% em julho, maior queda desde novembro de 2008 (-18,7%), auge da crise financeira mundial. Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) cresceu 7,2% em julho ante junho, maior alta da série histórica do índice, iniciada em novembro de 2005.
Na avaliação de Barbosa Filho, parte da piora do mercado de trabalho é natural, numa "economia que gerou muito emprego durante muito tempo", mas parte se deve a uma deterioração, por causa da fraca atividade econômica. As expectativas guiaram o cenário menos vantajoso. "Temos mais um ano de frustração de expectativas de crescimento".
Além disso, os índices de expectativa do consumidor foram afetados pelas manifestações populares que tomaram o País a partir de junho. O recorde de variação negativa do ICD pode ter sido exagerado por isso. "Houve manifestações antigoverno com mercado de trabalho bom. A má notícia para o governo é que o desemprego vai aumentar", completou Barbosa Filho.
Uma elevação mais forte do desemprego, porém, deverá ficar para 2014. "A condição demográfica colabora. Então o aumento do desemprego não será tão elevado quanto seria há dez anos", disse Barbosa Filho.
Por outro lado, um mercado de trabalho menos apertado é bom para o Banco Central (BC), em sua tarefa de controlar a inflação. A tendência é os reajustes reais de salários serem mais comedidos. "O empregador ainda não está dando as cartas, mas o poder de barganha do trabalhador se reduz", resumiu Barbosa Filho. Ainda assim, o pesquisador espera um impacto maior da elevação da taxa de juros pelo BC ao longo do segundo semestre.