Economia

Deflação dos alimentos deve reduzir IPC-S de julho, diz FGV

Produtos in natura são destaque na queda de preços e hortaliças e legumes tiveram deflação de -8,16% para -11,78%


	Queda de preços: até a taxa de arroz e feijão está mais negativa
 (Dercílio / Saúde)

Queda de preços: até a taxa de arroz e feijão está mais negativa (Dercílio / Saúde)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 17h53.

São Paulo - A deflação dos alimentos deve permitir um resultado menor do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) no encerramento de julho em relação à terceira leitura do mês (0,16%) e também inferior ao dado fechado de junho (0,33%), a despeito da pressão advinda do grupo Habitação por causa dos reajustes de energia recentes.

A avaliação foi feita nesta quarta-feira, 23, pelo economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Alimentação está desacelerando já há algumas semanas e, por enquanto, deve continuar nesse ritmo. Ainda não chegou ao ápice", disse.

Entre a segunda e a terceira quadrissemanas de julho (últimos 30 dias terminados ontem, 22), a classe de despesa de alimentos passou de alta de 0,11% para queda de 0,10%.

Os sinais são de alívio nos preços de vários produtos alimentícios que compõem o grupo, com alguns podendo diminuir mais o ritmo de alta, enquanto outros acelerando o recuo.

"Os in natura estão nesse contexto, até foram um dos destaques com hortaliças e legumes (de -8,16% para -11,78%)", afirmou.

Segundo Braz, a oferta deve permanecer de maneira regular até porque o momento é favorável ao cultivo destes alimentos. "Não existe pressão nem de outros alimentos relevantes para as famílias, com carnes bovinas, leite e pão. Além disso, a taxa de arroz e feijão está mais negativa", avaliou, ao referir-se à queda de 1,73% no item arroz/feijão na terceira leitura do mês, após retração de 1,14% na leitura anterior.

Na contramão, o grupo Habitação deve exercer influência de alta de maneira a mitigar a expectativa de desaceleração do indicador fechado do mês, por causa de aumentos recentes na conta de energia elétrica em várias cidades, especialmente em São Paulo, que tem peso relevante no IPC-S, conforme o economista da FGV.

Segundo ele, o reajuste médio de 18,06% da Eletropaulo, válido a partir de 4 de julho, ainda não foi plenamente captado pelo índice, o que deve acontecer somente no início de agosto, contou.

"Nessa queda de braço, de tendência de desaceleração do IPC-S, quem ganha é Alimentação", afirmou. Segundo ele, as boas perspectivas da safra no Brasil e no exterior tendem a manter os preços dos alimentos mais moderados à frente.

O grupo Vestuário também deve permitir uma inflação mais baixa no término de julho, devido à antecipação das promoções de final de estação que acontecem, de acordo com Braz.

Este conjunto de preços saiu de uma alta de 0,16% na segunda pesquisa do mês para declínio de 0,03% na terceira. Além disso, ressaltou, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,52% para 0,40%) já não deve sofrer mais o impacto dos aumentos de medicamentos no início do segundo trimestre.

"A parte de Educação, Leitura e Recreação (de -0,01% para -0,08%), que sofreu influência de alta em razão da Copa do Mundo, com aumento de passagem aérea, também deve ajudar. Em Transportes, não tem aumento previsto para ônibus nem para gasolina, que são as variáveis de maior peso", concluiu.

Da segunda para a terceira quadrissemanas do mês, o grupo Transportes passou de uma variação positiva de 0,13% para 0,10%.

Acompanhe tudo sobre:AlimentosEmpresasEstatísticasFGV - Fundação Getúlio VargasIndicadores econômicosInflaçãoIPCTrigo

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE