Economia

Avaliação sobre clima econômico é a pior desde 1993, diz FGV

O nível é idêntico a janeiro de 1999


	Mantega e Dilma: a falta de confiança na política econômica do governo foi o principal problema citado pelos especialistas ouvidos na sondagem
 (Antonio Cruz/ABr)

Mantega e Dilma: a falta de confiança na política econômica do governo foi o principal problema citado pelos especialistas ouvidos na sondagem (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2014 às 13h20.

Rio - A percepção sobre a situação atual do clima econômico brasileiro piorou em outubro deste ano e, aos 30 pontos, atingiu nível idêntico a janeiro de 1999 e o pior patamar desde abril de 1993 (26 pontos).

Os dados fazem parte da Sondagem da América Latina, divulgada nesta quinta-feira, 13, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo.

No início de 1999, o Brasil estava em plena transição do regime de câmbio fixo para o flutuante, o que provocou uma maxidesvalorização do real ante o dólar. Já em abril de 1993, o País vivia a época da hiperinflação, além de ter recém-assistido ao impeachment do presidente Fernando Collor.

A chegada aos 30 pontos mostra que a percepção sobre o momento econômico está bastante ruim, observou a economista da FGV Lia Valls, pesquisadora responsável pela sondagem. "A avaliação da situação atual no Brasil tem tido quedas constantes", disse.

Um quesito levantado nesta edição da pesquisa dá pistas dos motivos por trás dessa deterioração. A falta de confiança na política econômica do governo foi o principal problema citado pelos especialistas ouvidos na sondagem.

"O problema de confiança na política do governo começa a aparecer como um problema grave a partir de 2013. É impressionante como houve uma mudança na avaliação, claramente. Acho que isso está ligado ao momento em que os problemas começaram a aparecer. Você tem a inflação aparecendo cada vez mais como problema. O déficit público também voltou e cresceu", disse Lia.

Na sequência, despertam a preocupação de especialistas a falta de competitividade internacional (algo comum nas economias da América Latina), a inflação, o déficit público e a falta de mão de obra qualificada, nesta ordem.

Os analistas ainda revisaram a projeção de crescimento médio para o Brasil nos próximos três a cinco anos, de 2,6% para 2,2%.

O novo número posiciona o País como o segundo pior desempenho da região, atrás apenas da Venezuela, que deve ter média negativa em 0,1% no período.

Apesar da deterioração sobre a situação atual, o Índice de Clima Econômico (ICE) brasileiro subiu 3,6% no trimestre até outubro em relação aos três meses até julho, passando de 55 pontos para 57 pontos. O impulso veio das expectativas, que avançaram 23,5% (para 84 pontos).

"Deve ter captado (o período das eleições), porque não houve nenhuma mudança, nada que inspirasse melhora das expectativas", afirmou a economista.

Ao longo dos meses de setembro e outubro, as sondagens empresariais da FGV mostraram piora da situação atual e melhora das expectativas.

À época, os pesquisadores atribuíram o avanço das percepções em relação ao futuro à redução das incertezas diante da definição do novo presidente da República.

Lia destacou ainda que o cenário não deve ser muito promissor nos próximos meses, diante do enfraquecimento da visão de clima econômico no mundo.

O ICE mundial recuou 14% em outubro, para 112 pontos, com piora nas principais economias: Estados Unidos, China e União Europeia.

"Há uma possível tendência de piora ou cenário não tão bom nos próximos períodos, pela piora no clima econômica do mundo", disse.

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