Economia

FGV aponta tendência de deterioração no mercado de trabalho

Segundo pesquisador, o Indicador Antecedente de Emprego mostra que o emprego deve registrar alguma melhora em dezembro, ou até fevereiro, no máximo


	Carteira de Trabalho: entre setores que puxaram melhora de indicador sobre novembro está indústria
 (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Carteira de Trabalho: entre setores que puxaram melhora de indicador sobre novembro está indústria (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 14h35.

Rio - A geração de vagas deve melhorar em dezembro, mas a tendência ainda é de deterioração no mercado de trabalho em 2015, segundo os dados dos Indicadores do Mercado de Trabalho - Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) e Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) divulgados nesta quarta-feira, 07, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O IAEmp, que mostra a expectativa da variação do pessoal ocupado para os próximos meses, avançou 2% em dezembro ante novembro.

Já o ICD, que retrata a percepção das famílias sobre a taxa de desemprego, recuou 1,1% no período.

"Acontece muito com as sondagens de expectativas, quando você tem um resultado muito negativo, no mês seguinte ele tenta compensar com uma variação positiva. Mas a gente não espera que (a melhora) se mantenha. Está mais para uma correção de expectativas do que para uma tendência positiva", explicou Sarah Piassi Lima, pesquisadora do Ibre/FGV, lembrando que os indicadores registraram forte deterioração ao longo de 2014.

O IAEmp começou o ano passado aos 86,1 pontos. Em dezembro, o indicador já tinha caído para 76 pontos. A deterioração foi mais forte a partir de abril de 2014.

"Como caiu muito, agora houve uma retomada, mas não deve ser uma retomada do emprego. Esse indicador não vai voltar para o patamar de maio de 2014 (aos 79,3 pontos). A tendência para os próximos meses é que fique estável ou que volte a cair gradualmente", disse Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Departamento de Economia Aplicada do Ibre/FGV.

Segundo Moura, o indicador mostra que o emprego deve registrar alguma melhora em dezembro, ou até fevereiro, no máximo.

O indicador já desconta os efeitos sazonais, como o tradicional aumento nas contratações durante as festas de fim de ano.

Entretanto, a última vez em que o IAEmp esteve em patamar tão baixo foi no começo de 2009, época da crise financeira mundial.

Entre os setores que puxaram a melhora em relação a novembro está a indústria.

"Justamente porque a expectativa dos empresários foi muito reduzida nos meses anteriores, então está compensando alguma coisa agora", apontou Sarah.

"Não acho que a empresário vai continuar otimista nos próximos meses. Melhorou mais a situação dos negócios da indústria, não tanto a questão do emprego previsto", ponderou Moura, acrescentando que os demais setores pesquisados também ajudaram a melhorar o indicador ante novembro, embora em menor grau.

No caso do Indicador Coincidente de Desemprego, o resultado aponta para uma expectativa de redução na taxa de desemprego em dezembro, mas sem inverter a tendência de aumento para os meses seguintes.

"Se nosso indicador estiver certo, a taxa de desemprego deve cair de novembro para dezembro, já considerando o ajuste sazonal. De qualquer forma, há tendência de alta, e deve continuar. O indicador de desemprego deve permanecer subindo, o que significa que o desemprego vai subir, principalmente por causa do avanço da PEA (população economicamente ativa). A oferta de trabalhadores deve aumentar em 2015", previu Moura.

Acompanhe tudo sobre:EmpregosEmpresasFGV - Fundação Getúlio Vargasgestao-de-negociosIndicadores econômicosMercado de trabalhoResultado

Mais de Economia

Explosões em Brasília elevam incertezas sobre pacote fiscal e sobre avanço de projetos no Congresso

Após mercado prever altas da Selic, Galípolo afirma que decisão será tomada 'reunião a reunião'

IBC-Br: prévia do PIB sobe 0,80% em setembro, acima do esperado

Após explosões na Praça dos Três Poderes, pacote de corte de gastos só será anunciado depois do G20