EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Rio de Janeiro - O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse hoje que dificilmente o grupo alimentação vai registrar, no terceiro trimestre, uma variação tão baixa quanto a observada no Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) no segundo trimestre (0,01%) deste ano. Mas é improvável que ocorra uma aceleração da magnitude da registrada no primeiro trimestre deste ano, quando os alimentos subiram 5,80%. Hoje, a FGV divulgou um IPC-3i de 0,92% no segundo trimestre, ante 2,72% no primeiro trimestre.
Segundo Braz, a forte desaceleração nos alimentos de um trimestre para o outro ocorreu porque "houve alguma devolução para os idosos" dos fortes reajustes de preços ocorridos no início do ano por problemas climáticos em itens importantes nas despesas dessa faixa, como leite, hortaliças e legumes. No entanto, ele ressaltou que, mesmo com a perda de ritmo nos reajustes dos alimentos no segundo trimestre, esse grupo acumula alta de 5,81% no primeiro semestre de 2010, mais que o dobro da variação de 2,74% apurada em igual semestre do ano passado.
Ainda de acordo com Braz, no âmbito do IPC-3i como um todo, não há tendência de novas desacelerações tão fortes, como a ocorrida no segundo trimestre, nos próximos trimestres. Ele observou que alguns serviços usados pelos idosos, como cabeleireiro, mecânicos e consultas médicas, prosseguem com reajustes por causa do aquecimento da economia.
Braz ressaltou ainda que a inflação apurada para os idosos ficou mais uma vez, acima da média da inflação aos consumidores no segundo trimestre de 2010. Enquanto o IPC-3i registrou variação de 0,92% no período, o Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR) ficou em 0,76%. Segundo ele, desde 2004 a inflação tem sido maior para os idosos do que para a média da população. Entre 2004 e 2009, enquanto o IPC-BR acumulou uma alta de 31,24% o IPC-3i somou uma variação de 33,13%.
O economista da FGV explica que alguns itens importantes no cálculo da inflação ao consumidor, como tarifas e remédios, pesam mais no bolso dos idosos. Ele diz que os mais velhos ficam mais em casa quando deixam de trabalhar, aumentando gastos com tarifas como energia elétrica, gás e água. Além disso, na idade mais avançada aumentam os gastos com remédios, sobretudo para coração e antidepressivos, e com o seguro saúde.