Economia

Fenômeno dos altos preços agrícolas deve chegar ao fim

Essa é a conclusão do relatório "Perspectivas Agrícolas", fruto da colaboração entre a OCDE e a FAO, que apresenta perspectivas para os próximos 10 anos


	Agricultura: "No entanto, espera-se que os preços da pecuária aumentem em relação aos dos cultivos"
 (Eitan Abramovich/AFP)

Agricultura: "No entanto, espera-se que os preços da pecuária aumentem em relação aos dos cultivos" (Eitan Abramovich/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2016 às 14h13.

O período de altos preços dos produtos agrícolas está chegando ao fim, diz um comunicado conjunto divulgado nesta segunda-feira em Roma pela OCDE e pela FAO.

Segundo o relatório "Perspectivas Agrícolas", fruto da colaboração entre a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), "o período de preços altos dos produtos básicos agrícolas muito provavelmente terminou".

O relatório, que apresenta perspectivas para os próximos 10 anos, adverte sobre "a necessidade de estar alerta, já que a possibilidade de grandes flutuações de preços continua sendo elevada".

O relatório OCDE-FAO Perspectivas agrícolas 2016-2025 prevê que os preços dos produtos básicos agrícolas ajustados à inflação se mantenham relativamente inalterados durante a próxima década.

"No entanto, espera-se que os preços da pecuária aumentem em relação aos dos cultivos", ressalta o relatório.

Mundialmente, prevê-se que o aumento da demanda de alimentos e rações nos países emergentes e de maiores populações será suprido "principalmente através de aumentos de produtividade".

"Espera-se que os melhores rendimentos representem 80% do aumento da produção agrícola", calcula o relatório.

Os especialistas acreditam que, se a produção agrícola se mantiver em seu ritmo atual e não forem tomadas medidas importantes para reduzir a fome, o crescimento previsto da disponibilidade de alimentos se traduziria em uma redução do número de pessoas subalimentadas no mundo.

O número, segundo o documento, poderia passar dos 800 milhões atuais a 650 milhões em 2025. A análise indica que na África subsaariana a taxa de subalimentação cairia de 23% para 19%.

"Mas por causa do rápido crescimento demográfico, a região continuará contando com uma proporção crescente da população mundial vítima da fome. Isso implica que, sem medidas contundentes para sair do cenário atual, não se erradicará a fome em 2030, como apontam um dos objetivos adotados recentemente pela comunidade internacional, o que torna necessário atuar decisivamente", advertem as duas entidades.

Produtividade, a chave para o futuro

Os especialistas das duas organizações convocaram os responsáveis pelas políticas a "tomar medidas adicionais para impulsionar a produtividade, incluindo a promoção de uma adoção mais rápida das tecnologias, um melhor acesso aos mercados e uma maior integração dos pequenos agricultores mas redes de valor".

"Apesar de assistirmos um período de menores preços agrícolas, temos que estar alerta, já que as mudanças nos mercados podem ocorrer rapidamente", reconheceu o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, ao apresentar o relatório.

O diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, ressaltou a necessidade de um desenvolvimento sustentável.

"Somos otimistas. Acreditamos que a demanda futura de produtos agrícolas será coberta principalmente com aumentos de produtividade, em vez de se dar com expansão das terras de cultivo ou para pecuária", disse.

O relatório também calcula que o comércio agrícola mundial crescerá 1,8% anual durante os próximos dez anos. Na última década o crescimento era de 4,3% anual.

Na América Latina, o protagonismo será do cultivo de soja, com um aumento de cerca de 24% da superfície cultivada nos próximos 10 anos.

O relatório "Perspectivas agrícolas" pode ser acessado em http://www.agri-outlook.org.

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