Economia

Fed vê menos riscos econômicos apesar do Brexit

Na primeira reunião depois da votação britânica, o Fed se mostrou bastante tranquilo e parece sugerir que o eventual impacto sobre os EUA será modesto


	Brexit: na primeira reunião depois da votação britânica, o Fed se mostrou bastante tranquilo e parece sugerir que o eventual impacto sobre os EUA será modesto
 (Reuters/Toru Hanai)

Brexit: na primeira reunião depois da votação britânica, o Fed se mostrou bastante tranquilo e parece sugerir que o eventual impacto sobre os EUA será modesto (Reuters/Toru Hanai)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2016 às 21h43.

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidiu nesta quarta-feira manter inalteradas suas diretrizes, embora tenha estimado que os riscos para a economia americana diminuíram, apesar da incerteza provocada pelo Brexit.

O decidido por seu Comitê de política monetária (FOMC) não é uma surpresa. Todos os especialistas esperavam que o Fed mantivesse sua taxa básica na faixa atual (entre 0,25 e 0,50%) e postergasse novamente a normalização de sua política monetária iniciada em dezembro passado.

Em seu comunicado final, o FOMC parece abrir caminho a uma possível alta dos juros na próxima reunião, de 20 e 21 de setembro, descrevendo uma economia mais sólida e menos exposta a eventuais turbulências.

"Os riscos a médio prazo para as perspectivas econômicas diminuíram", destacou o FOMC, que continuará supervisando "estreitamente" a evolução da situação econômica e financeira mundial.

"Sobre o Brexit e outros temores pela situação internacional, os membros do Fed parecem ter dito que eles 'importam pouco', juntando-o aos outros fatores que acompanham", avaliou o economista Joel Naroff.

Na primeira reunião depois da votação britânica para sair da União Europeia, o Fed se mostrou bastante tranquilo e parece sugerir que o eventual impacto sobre os Estados Unidos será modesto.

Essa avaliação contradiz uma agência do Tesouro americano, que advertiu na segunda-feira sobre os "riscos" do Brexit para a estabilidade financeira do país.

O banco central parece também tranquilizado sobre a situação do mercado de trabalho americano, que havia mostrado sinais de fraqueza em maio, com a criação de empregos nos níveis mais baixos em seis anos, levantando dúvidas sobre a consistência da recuperação.

"O mercado de trabalho se fortaleceu e a atividade econômica avançou a um ritmo moderado", indicou o comunicado do FOMC.

"A sólida recuperação de junho parece ter reforçado no Fed a ideia de que o fraco crescimento do emprego em maio foi uma anomalia", estimaram analistas da Barclays Research.

O Banco Central também apontou que o gasto das famílias, o principal motor do crescimento, "subiu fortemente" embora os investimentos das empresas se mantiveram "fracos".

Desde a sexta-feira, o Fed poderá verificar seu diagnóstico com a publicação dos primeiros dados de crescimento no segundo trimestre. Nos três primeiros meses de 2016, a expansão chegou a 1,1% ao ano.

Como único ponto negativo, o Fed continua apontando que a inflação anual evolui longe de sua meta anual de 2%.

Especulações

Esse panorama globalmente otimista reativará sem dúvida as especulações sobre o próximo ajuste monetário, que poderá ser decidido na próxima reunião do FOMC, em 20 e 21 de setembro.

"O comunicado de hoje parece indicar que teremos pelo menos uma alta neste ano", avaliou Naroff.

Os analistas do IHS Global insight concordam sobre a probabilidade de aumento dos juros em dezembro, que colocaria fim à era do dinheiro fácil, destinado a apoiar a reativação econômica e o crédito, que beneficiou amplamente os mercados.

Uma dos 10 membros do FOMC, Esther George, teria desejado que o aumento já agora e opôs ao monetário adotado, indica o comunicado.

Os dirigentes do Fed também enfrentarão, em setembro, um outro desafio: a eleição presidencial de 8 de novembro.

Já criticado pelo candidato presidencial republicano Donald Trump, o Fed pode hesitar tomar decisões com amplo impacto econômico, embora Janet Yellen tenha garantido que essas independem de calendário político.

"Nunca vi que considerações políticas influenciassem de alguma maneira nas opiniões sobre as medidas decididas dentro do Federal Reserve", declarou Yellen em março.

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