Economia

Fed concorda que política Trump aumenta risco de inflação

O documento mostrou quão amplamente as opiniões no Federal Reserve estão mudando em resposta às promessas de Trump

Fed: o comitê do banco central elevou por unanimidade as taxas de juros no mês passado em 0,25 ponto percentual (Kevin Lamarque/Reuters)

Fed: o comitê do banco central elevou por unanimidade as taxas de juros no mês passado em 0,25 ponto percentual (Kevin Lamarque/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 17h37.

Washington - Quase todos os membros do Federal Reserve, banco central norte-americano, entenderam que a economia pode crescer mais rapidamente por causa do estímulo fiscal sob o governo do presidente eleito Donald Trump e muitos viam para aumentos mais rápidos das taxas de juros, de acordo com a ata da reunião de dezembro do Fed, divulgada nesta quarta-feira.

O documento mostrou quão amplamente as opiniões no Fed estão mudando em resposta às promessas de Trump de reduções de impostos, gastos com infraestrutura e desregulamentação.

Tais mudanças poderiam impulsionar a inflação e criar um cenário de confronto entre o presidente que procura impulsionar o crescimento econômico e o Fed, que tem de evitar superaquecimento da atividade econômica.

"Aproximadamente a metade dos membros incorporou a suposição de uma política fiscal mais expansionista em suas previsões", mostrou a ata da reunião de 13 a 14 de dezembro do Fed, referindo-se aos 17 membros que participaram.

"Quase todos também indicaram que os riscos para suas previsões sobre o crescimento econômico tinham aumentado", mostrou a ata.

O comitê do banco central elevou por unanimidade as taxas de juros no mês passado em 0,25 ponto percentual e os membros sinalizaram ritmo mais rápido de aumentos em 2017 do que o esperado anteriormente.

Isso foi visto como a primeira reação do Fed à vitória de Trump nas eleições de 8 de novembro.

Mas a ata mostrou que os membros poderiam sinalizar um caminho ainda mais agressivo de aumentos dos juros se as pressões inflacionárias crescerem.

Trump fez campanha com promessas de dobrar o ritmo de crescimento econômico dos Estados Unidos e "reconstruir" a infraestrutura do país.

A ata mostrou ainda que "muitos participantes consideraram que o risco de diminuição considerável da taxa normal de desemprego a longo prazo tinha aumentado um pouco e que o comitê poderia ter de aumentar a taxa de juros mais rapidamente".

Trump tomará posse em 20 de janeiro e ainda não descreveu detalhadamente seus planos de política econômica.

Os juros futuros sugerem que os investidores de Wall Street estão apostando que o Fed subirá as taxas em junho e só deverá subir duas vezes até o final do ano, de acordo com o CME Group.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpFed – Federal Reserve SystemInflação

Mais de Economia

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições

Ministros apresentam a Lula relação de projetos para receber investimentos da China