Vista da escultura de águia em frente à sede do Federal Reserve, banco central norte-americano, em Washington, EUA. A autoridade monetária expressou decepção com o ritmo da recuperação no emprego no país (REUTERS/Larry Downing)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2012 às 15h41.
Washington - O Federal Reserve, banco central norte-americano, ampliou suas medidas de estímulo à economia nesta quarta-feira, expressando decepção com o ritmo da recuperação no emprego enquanto controversas negociações orçamentárias nos Estados Unidos elevam a incerteza sobre as perspectivas.
A autoridade monetária substituiu um programa de estímulo mais modesto que vence no final do ano por uma nova rodada de compra de Treasuries que vai aumentar seu portfólio de ativos. O Fed se comprometeu a adquirir 45 bilhões de dólares em títulos do Tesouro dos EUA, além dos 40 bilhões de dólares em ativos hipotecários que começou a comprar em setembro.
Em uma decisão surpreendente, o Fed também estabeleceu bandas numéricas como guias para sua política monetária, em uma medida que não era esperada antes do início do próximo ano.
O Fed disse ainda que deverá manter os juros oficiais quase zerados enquanto o desemprego permanecer acima de 6,5 por cento, as projeções de inflação entre um e dois anos forem menores do que 2,5 por cento e as expectativas de inflação no longo prazo permanecerem contidas.
A autoridade monetária norte-americana notou que o desemprego se mantém elevado e que a inflação está abaixo do objetivo de 2 por cento.
"O comitê ainda teme que, sem afrouxamento suficiente, o crescimento econômico pode não ser forte o bastante para gerar melhora sustentável nas condições do mercado de trabalho", afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed em comunicado.
Autoridades também repetiram uma promessa de continuar a comprar bônus até que as perspectivas para o mercado de trabalho melhorem significativamente. Uma queda na taxa de desemprego para 7,7 por cento em novembro, frente aos 7,9 por cento registrados em outubro, foi gerada sobretudo por trabalhadores que deixaram a força de trabalho, e, portanto, não chegou perto de satisfazer essa condição.
Sob o programa "Operação Twist", que expira no final deste mês, o Fed estava comprando 45 bilhões de dólares em Treasuries com prazo mais longo com os recursos captados na venda de dívida com prazos mais curtos.
A nova rodada de compra de ativos pelo governo anunciada nesta quarta-feira será financiada essencialmente por meio da criação de mais dinheiro, expandindo o portfólio de 2,8 trilhões de dólares do Fed.
O chairman da instituição monetária, Ben Bernanke, discutirá a mais recente decisão da autoridade monetária em coletiva de imprensa às 17h15 (horário de Brasília).
MIRANDO A RECUPERAÇÃO
O Fed praticamente zerou as taxas de juro em dezembro de 2008 e comprou cerca de 2,4 trilhões de dólares em bônus em esforços para reduzir os custos de financiamento e desencadear uma recuperação mais forte da economia dos EUA.
Apesar dessas tentativas agressivas e não convencionais, o crescimento econômico norte-americano segue morno. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou a uma taxa anualizada de 2,7 por cento no terceiro trimestre, mas parece agora estar desacelerando de forma acentuada.
Segundo levantamento da Reuters divulgado nesta quarta-feira, economistas esperam que a economia registre expansão de apenas 1,2 por cento no último trimestre do ano.
O setor corporativo adotou uma postura defensiva, temendo um arrocho na política fiscal à medida que políticos em Washington debatem possíveis soluções para evitar uma combinação de 600 bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos que passam a valer automaticamente no início de 2013.
Bernanke alertou que essa combinação, conhecida como abismo fiscal, levaria a economia a uma nova recessão.
Membros do Fed vão divulgar uma nova série trimestral de projeções econômicas e de juros às 17h (horário de Brasília) desta quarta-feira, podendo indicar mais uma rodada de revisões para baixo nas perspectivas de crescimento.
Em setembro, o Fed estimou que a economia norte-americana cresceria de 2,5 por cento a 3 por cento em 2013, mas mesmo esse ritmo modesto começa a parecer otimista. Pesquisa da Reuters mostrou uma estimativa de crescimento de 2,1 por cento no ano que vem.