Prédios em construção: governo quer liberar recursos para aumentar oferta de empréstimos para compra da casa própria (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 14 de novembro de 2023 às 17h15.
Última atualização em 14 de novembro de 2023 às 18h10.
O Ministério da Fazenda negocia com o Banco Central (BC) uma medida que pode aumentar a oferta de crédito imobiliário no Brasil. Está em discussão reduzir os depósitos compulsórios que incidem sobre as cadernetas de poupança e, com isso, liberar mais recursos para o financiamento habitacional. A afirmação foi feita nesta terça-feira, 14, pelo vice-presidente de finanças da Caixa, Marcos Brasiliano, durante a divulgação do balanço do terceiro trimestre do banco público.
Segundo ele, essas conversas ocorrem em meio ao processo de saques da poupança ao longo dos dois úlitmos anos. As instituições financeiras podem usar até 65% dos saldos das cadernetas de poupança para conceder empréstimos imobiliários.
Entretanto, dados do Banco Central (BC) mostram que as retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 98,3 bilhões de janeiro a outubro deste ano. Os juros altos e o nível de endividamento dos brasileiros explicam parte da saída de quase R$ 100 bilhões da poupança.
Na prática, ao liberar uma parcela dos depósitos compulsórios das cadernetadas, o BC abriria espaço para a concessão de mais empréstimos imobiliários com recursos da poupança.
Em coletiva nesta terça-feira, a Caixa informou que até o terceiro trimestre de 2023, o saldo da carteira de crédito imobiliário chegou a R$ 707,9 bilhões, um crescimento de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, o banco público atingiu 68,8% de participação de mercado no financiamento para a habitação.
De janeiro a setembro deste ano, foram R$ 136,9 bilhões em contrações de crédito imobiliário, uma elevação de 10,3%. Desse total, R$ 51,4 bilhões foram concedidos somente no terceiro trimestre, dos quais R$ 32,5 bilhões com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e outros R$ 18,9 bilhões com funding do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).