Fernando Haddad: Questionado se um programa de crédito estava entre as medidas do plano de contingência, o ministro afirmou que "pode ser que tenhamos que recorrer a esses instrumentos", mas não deu detalhes sobre a proposta em discussão. (Marcelo Justo/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 21 de julho de 2025 às 09h45.
Última atualização em 21 de julho de 2025 às 11h35.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 21, que apresentará nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano de contingência com medidas de socorro ao setor privado caso do presidente dos Estados Unidos formalize o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros em 1º de agosto. Haddad, entretanto, não detalhou que medidas fazem parte desse pacote, mas sinalizou que um programa de crédito pode estar entre os instrumentos em desenho pela equipe econômica.
"Estamos, desde então, com um grupo de trabalho preparando para apresentar essa semana para o presidente, tanto em relação à lei da reciprocidade e ao eventual apoio para os setores mais prejudicados. Isso ainda não foi apresentado, mas o Ministerio da Fazenda está incumbido em formular", disse em entrevista a CBN.
Questionado se um programa de crédito estava entre as medidas do plano de contingência, Haddad afirmou que "pode ser que tenhamos que recorrer a esses instrumentos", mas não deu detalhes sobre a proposta em discussão na Fazenda.
Haddad também afirmou que os ministros do governo preparam cenários e medidas para apresentar ao presidente Lula. Segundo ele, há certa imprevisibilidade sobre a formalização do tarifiço de Trump diante das idas e vindas nas decisões tomadas pelo governo dos Estados Unidos, sobretudo em relação a própria burocracia interna, que precisa de tempo para formalizar as decisões.
"Estamos, a pedido do presidente Lula, desenhando os cenários possíveis, tanto de abertura de negociações por parte dos Estados Unidos, o que não aconteceu ainda. Uma resposta eventual as duas cartas que mandamos. Há o diálogo sempre aberto com o encarregado de comércio [da embaixada dos Estados Unidos] no Brasil. Estamos trabalhando intensamente para alguma reação dos Estados Unidos. Podemos chegar em 1º de agosto sem resposta? Esse é um cenário que não podemos desconsiderar. Estamos considerando, inclusive, esse cenário", disse.
Haddad também voltou a defender uma unidade do país na busca de diálogo e negociação com os Estados Unidos. O ministrou ainda afirmou que o tarifaço está sendo imposto ao Brasil pela relação de proximidade da família do ex-presidente Jair Bolsonaro com Trump, sem qualquer racionalidade econômica.
Segundo ele, o Brasil tem relações comerciais com os Estados Unidos há mais de 200 anos, é deficitário nessa relação bilateral e quer o diálogo como instrumento de negociação.
"Eu penso que o país todo tem que estar muito consciente do que está acontecendo em todas as dimensões. É hora da unidade do país, na hora do interesse nacional e da percepção que de que não estamos sozinhos na questão dos Estados Unidos. Temos uma particularidade de que uma força política de extrema-direita está concorrendo contra os interesses nacionais. O fato concreto é que o mundo enfrenta dificuldade com Estados Unidos na Ásia, Europa, Brasil, México e Canadá", disse.