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Fazenda planeja anunciar novas medidas de contenção de gastos após 2º turno das eleições

Objetivo é obter grau de investimentos em 2026, último ano do mandato de Lula

Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Diogo Zacarias/MF/Flickr/Divulgação)

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Agência o Globo
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Publicado em 14 de outubro de 2024 às 18h28.

Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 18h36.

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O Ministério da Fazenda planeja anunciar medidas estruturais de contenção de gastos logo após o segundo turno das eleições municipais, marcado para 27 de outubro. Segundo membros da equipe do ministro Fernando Haddad, o objetivo é implementar uma agenda coordenada pela Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas do Ministério do Planejamento, com foco em ajustes no abono salarial, seguro-desemprego e no Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Medidas para recuperar grau de investimento

A meta do governo é recuperar o grau de investimento até o fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026. Para tanto, a Fazenda deve articular essas medidas com o Congresso Nacional e o presidente Lula, buscando blindar a agenda econômica. A expectativa é que essas ações transmitam segurança ao mercado, já que a recuperação do grau de investimento pode impulsionar o fluxo de aportes internacionais no país.

Nos últimos dias, o mercado reagiu negativamente a discussões sobre o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, sem que tenham sido anunciadas medidas concretas de controle de gastos obrigatórios. A possibilidade de criação de um imposto mínimo para milionários também causou apreensão.

Foco nas despesas e na eficiência do gasto público

A preocupação dos investidores é que o governo esteja priorizando aumento de receitas, enquanto deixa cortes de despesas estruturais em segundo plano. Por ora, a principal estratégia para controle de gastos é o pente-fino em programas do governo, com expectativa de economia de R$ 25,9 bilhões em 2025.

Como antecipado pelo jornal O Globo, a equipe econômica busca implementar a promessa de campanha de Lula de isentar do IR quem ganha até R$ 5.000. Segundo Haddad, quatro cenários de compensação estão sendo estudados, incluindo a tributação mínima para milionários.

Em evento do Itaú Unibanco, Haddad admitiu que o calendário deste ano está apertado, dificultando o envio da reforma do Imposto de Renda ainda em 2024. No entanto, ele ressaltou que espera concluir tarefas inconclusas, como o programa de revisão de gastos. A publicação de uma notícia pela agência Reuters sobre possíveis cortes de gastos animou investidores e provocou queda no dólar.

“Não sei se será possível fazer (a reforma do Imposto de Renda) neste ano, até porque estamos com o calendário apertado e com tarefas inconclusas que gostaríamos de entregar, como o programa do Planejamento com a Fazenda de revisão de gastos”, afirmou Haddad.

Alterações em benefícios sociais e resistência política

De acordo com fontes da Fazenda, a agenda econômica está sendo liderada pelo secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas, Sérgio Firpo. Os estudos buscam aumentar a eficiência dos programas públicos, mas esbarram em resistência por afetarem benefícios sociais.

Entre as mudanças em discussão estão:

  • Desindexação do BPC do salário mínimo ou aumento da idade mínima para concessão;
  • Alteração no abono salarial, priorizando a renda per capita familiar;
  • Redução da sobreposição entre o seguro-desemprego e a multa do FGTS.

Essas medidas são essenciais para assegurar o selo de bom pagador na classificação de crédito do Brasil. Internamente, integrantes da equipe econômica se referem ao pacote como o “pacote grau de investimento”.

A recente decisão da agência Moody’s de elevar a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva, deixa o país a um passo do grau de investimento. Haddad aproveitou essa elevação para reforçar a importância da agenda econômica de reequilíbrio das contas públicas, enfatizando que o desafio é coletivo, envolvendo todos os Poderes e a sociedade.

“Nosso desafio é de todo o governo e de toda a sociedade”, disse o ministro.

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