Economia

Fazenda estima desaceleração da atividade econômica no 2º trimestre, com alta de 0,3%

Segundo o secretário de Política Econômica, Guilherme Melo, esse “cenário difícil” é provocado por uma “política monetária adversa”

Ministério da Fazenda (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

Ministério da Fazenda (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 19 de julho de 2023 às 14h52.

O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Melo, afirmou nesta quarta-feira, 19, que alguns indicadores antecedentes apontam para uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, com alta de 0,3%. Segundo ele, esse “cenário difícil” é provocado por uma “política monetária adversa”. Para 2023, a estimativa para o crescimento passou de 1,9% para 2,5%.

“É importante dizer que, apesar desse cenário difícil provocado por política monetária adversa, as pesquisas de expectativas mostram melhorias expressivas nos últimos meses. Isso nos dá esperança de que os setores mais afetados pela política monetária contracionistas possam apresentar uma recuperação ao longo do ano”, disse.

Melo ainda afirmou que a taxa de juros real no Brasil, a mais alta do mundo, tem impactado o mercado de crédito, as variáveis fiscais, econômicas e sociais. Ele estimou que o país gastará R$ 680 bilhões para bancar os juros da dívida pública e cada um ponto percentual de alta da Selic implica R$ 40 bilhões de elevação de despesas públicas com juros.

“As condições do mercado de crédito também seguem adversas. A manutenção da taxa de juros em um patamar bastante contracionista é um dos fatores que explica o comportamento do mercado de crédito. Há uma queda das concessões de crédito que remonta desde o fim do ano passado e temos um aumento da inadimplência, em particular de pessoas jurídicas”, afirmou.

Cenário positivo para inflação e mercado de trabalho

Melo ainda afirmou que o cenário internacional, com desaceleração da atividade global, tem sido favorável do ponto de vista inflacionário. Ele citou, por exemplo, o preço do petróleo mais baixo, que tira a pressão do custo de energia.

“Há um aumento expressivo das chances do IPCA terminar dentro do limite superior da banda da meta inflação. Essa mesma queda das expectativas do IPCA pode ser verificada para 2024, 2025 e 2026. Há convergência para o centro da meta. Do ponto de vista global, estamos em um cenário bastante confortável em comparação com países desenvolvidos e latino-americanos”, disse.

O secretário também afirmou que o mercado de trabalho segue resiliente, com saldos positivos de contratações, com criação de novas vagas formais e uma queda dos indicadores de desocupação. Ele declarou que isso tem relação com a alta da população ocupada e redução da taxa de participação.

“Estamos trabalhando para discutir e entender esse fenômeno global e o caso brasileiro. É verdade que esse mercado de trabalho resiliente não tem se trazido em melhora dos rendimentos da massa salarial, mas acreditamos que isso possa se reverter no segundo semestre, com efeito da alta do salário mínimo e o fortalecimento em alguns setores chaves, como o de serviços, a indústria e a construção civil”, disse.

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