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Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2012 às 23h34.
São Paulo - A indústria de máquinas e equipamentos encerrou julho com uma queda no faturamento bruto tanto na comparação mensal quanto na anual, e espera encerrar o ano num patamar abaixo do registrado em 2011, afirmou nesta quarta-feira a associação que representa o setor, Abimaq.
Os fabricantes fecharam julho com faturamento de 6,439 bilhões de reais, recuo de 14,6 por cento sobre o obtido em junho e de 6 por cento sobre o mesmo período de 2011. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a receita do setor ficou praticamente estável sobre um ano antes, em 46,352 bilhões de reais, incremento anual de 0,6 por cento.
O recuo no faturamento ocorreu em meio a uma queda de 10,1 por cento no consumo aparente do país em julho contra junho e de avanço de 2,6 por cento sobre julho de 2011, diante das preocupações dos industriais sobre a desaceleração da economia brasileira e do quadro externo marcado pela crise de dívida da Europa, lentidão econômica norte-americana e crescimento mais fraco da China, afirmou a entidade.
"Se não tivesse havido a queda na (taxa básica de juros) Selic desde o ano passado, a situação teria sido muito pior. A queda da Selic ajudou a atenuar os efeitos da desaceleração", disse o diretor-secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza.
Ele estimou que após o desempenho de julho, a indústria de máquinas e equipamentos , formada por cerca de 4,5 mil empresas no país, deve encerrar 2012 com faturamento abaixo dos 73,265 bilhões de reais de 2011.
"Se tivermos sorte, ficará empatado. Uma recuperação, se houver, vai ocorrer mais para o quarto trimestre, ou ficar para o ano que vem", acrescentou.
A entidade esteve reunida nesta quarta-feira com o ministro da Economia, Guido Mantega. Na pauta, o setor apresentou números que mostram que a indústria de máquinas e equipamentos encerrou julho com a sexta queda mensal consecutiva no número de funcionários e com a terceira redução seguida no nível de utilização de capacidade instalada.
"O setor vem há 12 meses perdendo capacidade instalada praticamente de forma contínua. Hoje, praticamente um quarto da capacidade está ociosa", disse Pastoriza. O índice que mede o nível de ocupação da indústria de máquinas e equipamentos encerrou julho em 76 por cento, ante cerca de 83 por cento no mesmo período do ano passado. "A tendência é que os números se agravem nos próximos meses", afirmou.
Segundo ele, apesar da valorização do dólar contra o real o setor tem enfrentado problemas de falta de competitividade gerados por impostos elevados e reajustes salariais que não se refletiram em ganhos de produtividade suficiente para enfrentar concorrentes estrangeiros, principalmente asiáticos, como os que estão na China e Coreia do Sul.
"O país precisa de um choque de competitividade emergencial", disse Pastoriza, defendendo medidas de correção adicional do câmbio, para que a cotação do dólar alcance o patamar de 2,5 reais, e aumento de impostos de importação, que já vem beneficiando os produtores de veículos desde o início do ano, quando a taxação foi elevada em 30 pontos percentuais.
O setor de máquinas, que atende indústrias desde bens de consumo a petróleo e gás, encerrou julho com déficit na balança comercial desde janeiro de 10,54 bilhões de reais, 2,5 por cento acima do déficit registrado nos primeiros sete meses de 2011. O volume equivale a praticamente todo o déficit apurado em 2008, de 10,56 bilhões de reais. Desde pelo menos 2005, o saldo da balança comercial do setor tem sido negativo.
Apesar do ritmo da expansão do déficit ter mostrado sinal de desaceleração de janeiro a julho sobre o mesmo período de 2011, Pastoriza afirmou que redução no ritmo de crescimento se deu mais "porque o consumo de máquinas no Brasil deu uma freada forte e por isso o déficit fica menor".